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Sustentabilidade

Área desmatada no Brasil equivale a oito cidades de São Paulo

Mais de 60% da área desmatada está na Amazônia, com 770 mil hectares devastados

29/05/2020 07h00

Foto: Getty Images

O primeiro Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, lançado nesta semana, revela, de forma inédita, a perda de vegetação nativa detectada em todos os biomas do País em 2019. Pela primeira vez, alertas de desmatamento do território nacional foram analisados e consolidados em um único levantamento, o qual aponta que o Brasil perdeu, ao menos, 1.218.708 hectares (12.187 km²) de vegetação nativa, área equivalente a oito vezes o município de São Paulo.

Mais de 60% da área desmatada está na Amazônia, com 770 mil hectares devastados. O segundo bioma em que mais houve perda foi o Cerrado, 408,6 mil hectares. Bem atrás estão: Pantanal (16,5 mil ha), Caatinga (12,1 mil ha) e Mata Atlântica (10,6 mil ha).

Amazônia e Cerrado são os biomas mais bem monitorados, uma vez que contam com sistemas de acompanhamento contínuos, adaptados para as respectivas regiões. Como os demais biomas utilizam dados de um sistema global, sem adaptações para condições específicas (tipos de vegetação, sazonalidades do clima e da paisagem, por exemplo), os valores apurados são considerados conservadores, ou seja, podem estar subdimensionados.

MapBiomas Alerta

O MapBiomas Alerta é um sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento, degradação e regeneração de vegetação nativa, com imagens de alta resolução, lançado em junho de 2019. A análise começa a partir dos alertas gerados pelos sistemas Deter (Inpe), SAD (Imazon) e Glad (Universidade de Maryland). Os dados são validados e refinados com o suporte de imagens de satélite de alta resolução (três metros), os quais permitem identificar com grande precisão as áreas desmatadas.

“A partir dessa metodologia, foi desenvolvido o primeiro Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, que detalha no tempo e no espaço onde está se desmatando no País. A análise de cada alerta gera um laudo, que pode ser utilizado por todos os órgãos — públicos e privados”, afirma o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo. Os laudos dos alertas estão disponíveis na internet em: alerta.mapbiomas.org.

Velocidade e tamanho

A metodologia desenvolvida pelo MapBiomas Alerta permite mensurar a velocidade do desmatamento em uma dimensão inédita. Assim, foi possível apontar que a área desmatada mais rapidamente em 2019 fica no município de Jaborandi (BA), com 1.148 hectares, entre 8 e 27 de maio, alcançando uma média de 60 hectares por dia. Em termos de tamanho do desmatamento, a maior área detectada fica em Altamira (PA): em um único evento, foram derrubados 4.551 hectares de floresta amazônica.

Os estados com mais eventos foram: Pará (18,5 mil), Acre (9,3 mil), Amazonas (7 mil), Rondônia (5,3 mil) e Mato Grosso (4,7 mil). Em área desmatada, o topo da lista é ocupado por: Pará (299 mil ha), Mato Grosso (202 mil ha) e Amazonas (126 mil ha).

Metade concentrada

Quando se organiza o ranking por municípios, metade de toda a área desmatada está em 50. Dentre os dez que mais desmataram em 2019, quatro são do Pará, três do Amazonas, um da Bahia, um de Mato Grosso e um de Rondônia. No total, 1.734 municípios tiveram áreas de desmatamento detectadas em 2019.

Outro aspecto fundamental: os cruzamentos com camadas territoriais, como Unidades de Conservação, Terras Indígenas e imóveis rurais, realizado a partir do Cadastro Ambiental Rural (CAR), dados de autorizações de supressão da vegetação e plano de manejo florestal.

Mais de três quartos dos alertas têm sobreposição com pelo menos um imóvel cadastrado no CAR. Foram 42,6 mil imóveis rurais com alertas registrados, o que representa 0,7% dos mais de 5,6 milhões de imóveis cadastrados no CAR. Pouco mais de um terço dos alertas (38%) sobrepõe total ou parcialmente áreas de reserva legal, áreas de preservação permanente ou nascente e menos de 1% tem registrada a autorização de supressão da vegetação. “O relatório indica que o índice de ilegalidade no desmatamento é extremamente alto, a ponto de os desmatamentos legais representarem mais exceção do que regra”, finaliza Azevedo.

Fonte: Notícia Sustentável