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Economia

Comércio ilícito causa perdas à economia global

A Unctad alerta que são mais de US$ 2 trilhões, anualmente

29/01/2020 16h50

Foto: Divulgação

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, alerta que a economia global perde mais de US$ 2 trilhões, anualmente, devido a crimes como contrabando, falsificação de produtos, tráfico de seres humanos e animais selvagens e outras formas de transações ilícitas. Para a agência, essas atividades ilegais atrasam o progresso na agenda de desenvolvimento global.

Para abordar a questão, a Unctad e a Aliança Transnacional de Combate ao Comércio Ilícito, Tracit, realizarão o primeiro Fórum sobre Comércio Ilícito, nos dias 3 e 4 de fevereiro, no Palácio das Nações, em Genebra.

O evento busca incentivar um diálogo aberto entre representantes dos Estados-membros, especialistas e observadores não-governamentais. A meta é compartilhar conhecimentos, promover a cooperação internacional de aplicação da lei, coordenar recursos e garantir que os países estejam adequadamente equipados para mitigar o comércio ilícito.

Segundo a Unctad, o comércio ilícito drena quase 3% da economia mundial. Se fosse um país, o valor dessas transações econômicas seria maior que as economias do Brasil, da Itália e a do Canadá, separadamente, e tão grande quanto à do México e à da Indonésia combinadas.

Para o secretário-geral da Unctad, Mukhisa Kituyi, “o comércio ilícito põe em risco todos os aspectos do desenvolvimento e todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs”.

Investimentos

Kituyi explica que o problema “cria uma ameaça tripla ao financiamento do desenvolvimento, afastando atividades econômicas legítimas, privando governos de receitas para investimentos em serviços públicos vitais e aumentando os custos de alcançar os ODSs, corroendo o progresso já feito.”

A Unctad afirma que a resposta internacional ao comércio ilícito é amplamente fragmentada entre muitos setores vulneráveis ​​ao problema. Por isso, é necessária uma abordagem conjunta que considere a natureza interconectada da questão, pontos em comum e pontos de convergência entre suas diversas manifestações.

A diretora de comércio internacional da agência, Pamela Coke-Hamilton, disse que "todo país está sentindo os efeitos negativos do comércio ilícito, ressaltando a necessidade de parcerias e cooperação ampliadas entre os governos para combater esse impedimento ao desenvolvimento sustentável global."

Riscos eminentes

Estas atividades colocam em risco, por exemplo, a saúde pública. A Unctad destaca que somente os medicamentos contra a malária falsificados e abaixo do padrão de qualidade e segurança causam mais de 100 mil mortes, por ano, na África Subsaariana.

O comércio ilícito também leva espécies ameaçadas à extinção causando danos irreversíveis aos ecossistemas. Um dos exemplos é a exploração ilegal de madeira, que tem um valor estimado anual de até US$ 157 bilhões. Este é o crime envolvendo recursos naturais mais lucrativo do mundo.

Estado de direito

A Unctad alerta que essas atividades ilegais ameaçam o Estado de direito devido às ligações com o crime organizado. Essas vão desde as redes de tráfico de seres humanos e contrabando de tabaco até o envolvimento de grupos criminosos organizados no roubo de combustíveis e no comércio de mercadorias falsificadas.

Para a agência, ainda mais assustadores são os vínculos com o financiamento do terrorismo que aumentam as ameaças à segurança nacional e global.

O relatório revela que até 5% das mercadorias importadas para a União Europeia são falsificadas. As importações de mercadorias e produtos piratas amontam quase US$ 500 bilhões por ano.