05/05/2024 09h45
Foto: Divulgação
O desemprego de jovens negras é 3 vezes maior que o de homens brancos. Ao final do terceiro trimestre de 2023, a taxa de desocupação para elas era de 18,3%, considerando a faixa etária entre 18 e 24 anos. Para homens brancos da mesma idade, o percentual era de 5,1%.
Os números foram divulgados no relatório Mude com Elas, do projeto homônimo que foi implementado pela ONG Ação Educativa. A pesquisa leva em conta os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
O levantamento aponta ainda que as jovens negras são minoria entre os empregados de carteira assinada. Entre as que estão no mercado de trabalho, 44% trabalham sob o regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), contra mais de 50% no caso de homens brancos.
Salários mais baixos e menos acesso a educação
Num cenário de presença menor no mercado formal de trabalho, as mulheres negras também enfrentam uma realidade de salários mais baixos. Segundo o relatório, a remuneração delas é, em média, 2,7 vezes menor que homens brancos. Enquanto a média delas é de R$ 1.582, a deles é de R$ 4.270. A renda média dos brasileiros é de R$ 2.982.
“A desigualdade é um fenômeno que infelizmente aparece nos mais diversos aspectos da sociedade brasileira, nas questões jurídicas, econômicas e no mercado de trabalho. E partindo de todos os recortes sociais, as mulheres pretas, em especial as jovens, são as que mais sofrem com todos esses problemas”, disse em nota Fernanda Nascimento, coordenadora do projeto Mude com Elas.
Os números também revelam menos acesso a educação. Entre as mulheres negras com idade entre 18 e 24 anos, 23,4% frequentavam uma unidade de ensino ou já haviam terminado uma graduação até o terceiro trimestre de 2023. Entre as mulheres brancas da mesma faixa etária, o percentual salta para 39,8%.
“As universidades eram voltadas para uma elite intelectual e financeira do país e, embora projetos políticos nas últimas décadas tenham aumentado a inserção de pessoas com menos renda, ainda é preciso mais para corrigir uma distorção que durou décadas”, comenta Nascimento.