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Transporte Aquaviário

Ibama fará operação para rastrear produtos perigosos em Santos

Rastreamento de armazenagem e operações será essencial para evitar acidentes no Porto de Santos, o maior da América Latina

10/08/2020 11h43

Foto: Abisolo - Divulgação

O Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) decidiu fazer um mapeamento dos produtos químicos perigosos existentes no Porto de Santos, no litoral de São Paulo. A decisão foi tomada após uma explosão na região portuária de Beirute, no Líbano, que causou mais de 150 mortes e deixou milhares de pessoas feridas.

A explosão, causada possivelmente por nitrato de amônio, acendeu um alerta na Baixada Santista, que também conta com grandes quantidades do produto em armazéns no cais santista. A substância é um dos principais fertilizantes utilizados na agricultura. Somente em 2019, o cais santista recebeu 5,5 milhões de toneladas de fertilizantes.

A agente ambiental federal Ana Angélica Alabarce, responsável pelo Ibama na região, explica que é o momento das autoridades se unirem para fazerem uma varredura do que realmente está acontecendo no Porto de Santos. A Autoridade Portuária de Santos foi a primeira convidada a participar da operação. Ainda foram convidados a Receita Federal, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Marinha do Brasil.

"Temos que fazer uma operação para rastrear toda a extensão do porto e fazer um levantamento dos produtos perigosos. Sabemos que temos segurança, mas vamos buscar mais a fundo para não deixar nada fora do lugar. Essa situação não é brincadeira. Precisamos agir para prevenir. Prevenção é tudo para evitar explosões como a que aconteceu no Líbano", disse ela.

Uma das grandes preocupações do Instituto, segundo a agente ambiental, é com as cargas abandonadas na área portuária, que podem conter produtos perigosos. Para Ana Angélica, esse monitoramento será essencial para identificar quais produtos químicos transitam pelo Porto de Santos, como são movimentados e onde estão armazenados.

De acordo com ela, a localização é muito importante, pois esse tipo de carga deve ser colocada em pontos estratégicos, facilitando o acesso e a solução de casos de emergência. "Se tivermos esse mapeamento de toda a situação, estaremos preparados para saber o que pode causar acidentes. Se estiver no Porto de forma irregular, terá que ser levado embora para garantir a segurança da área portuária, das cidades e de toda a população", explica a agente ambiental.

Nitrato de amônio

O nitrato de amônio, em pequenas quantidades e bem armazenado, não é perigoso. Mas, quando exposto a altas temperaturas, pode resultar em uma grande explosão como ocorreu no Líbano, causada pela detonação de 2.750 toneladas da substância. Além disso, em Beirute, o nitrato ficou guardado em um armazém por seis anos, sem a segurança necessária.

Em Santos, há empresas que movimentam fertilizantes. Esses locais, além de nitrato de amônio, podem conter outros tipos de substâncias químicas que, combinadas, correm o risco de gerar acidentes.

Somente entre 2003 e 2020, foram registrados pelo menos 11 acidentes envolvendo produtos químicos na Baixada Santista. Um deles ocorreu também com nitrato de amônio, em 2017, em Cubatão, gerando uma enorme nuvem de fumaça colorida.

Fiscalizações

Como o Porto de Santos movimenta e armazena produtos perigosos, as empresas devem apresentar planos de segurança à Defesa Civil de Santos. Desde 2013, para atenuar os riscos, foi criado o programa P2R2 (Prevenção, Preparação e Resposta Rápida) para promover a prevenção e os planos de contingência envolvendo produtos químicos. O trabalho é integrado e realizado por órgãos como Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Cetesb, Ibama e governos municipais e estadual.

Apesar de saber que o Porto de Santos conta com procedimentos rígidos de controle, Ana Angélica explica que o Ibama já faz fiscalizações de cargas perigosas, o que é muito importante.

"O Ibama e as autoridades portuárias já têm operações de fiscalização em andamento. Mas, a gravidade da situação no Líbano nos alertou para trabalharmos ainda mais com a prevenção. Foi então que tomamos a iniciativa de rastrear a armazenagem e operação de diversos produtos, principalmente, nas cargas abandonadas. Isso vai muito além do nitrato de amônio, existem diversas substâncias que podem causar explosão".

Fonte: G1 Santos