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Transporte Aquaviário

Movimentação de carga pelo Porto de Natal reduziu 32,6% em 2023

Entre cargas embarcadas e desembarcadas, 444.782 toneladas passaram pelo Porto no ano passado

31/03/2024 11h20

Foto: Divulgação

O Porto de Natal registrou uma queda de 32,6% na movimentação do terminal em 2023, no comparativo com o ano de 2022. Em números absolutos, entre cargas embarcadas e desembarcadas, 444.782 toneladas passaram pelo Porto no ano passado, cifras distantes do ano anterior quando 660.285 toneladas foram movimentadas em Natal. Todos os dados constam no Estatístico Aquaviário, da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). A retração significativa do Porto preocupa trabalhadores do setor, que perderam fonte de renda e cobram melhoria na infraestrutura do equipamento.

Ao todo, de acordo com Aproniano César, diretor da empresa Museu do Porto, cerca de 220 trabalhadores, entre portuários, estivadores, arrumadores e conferentes atuam no Porto de Natal. “No momento todos estão parados, o pessoal vive de diária e os navios não vêm mais para cá, então é uma dificuldade muito grande. É muito complicado, são 220 pais de famílias parados, sem ter como sustentar seus familiares por causa dessa queda no Porto. A verdade é que o Porto está abandonado”, diz César, que pesquisa o terminal desde 1972.

A baixa movimentação do Porto de Natal é atribuída principalmente à falta de infraestrutura. A necessidade de dragagem do terminal – processo no são removidos sedimentos do fundo do Rio para garantir profundidade adequada à navegação – e a ausência de defensas da ponte são gargalos que afastam a operação de grandes empresas na capital potiguar, analisam representantes da área. Exemplo disso foi a saída da maior empresa que atuava no Porto, a CMA CGM, o que representou uma queda de 60% das operações.

O presidente do Sindicato dos Arrumadores do Rio Grande do Norte (Sindarn), Romilton Batista ‘Doutorzinho’, afirma que a situação tem preocupado a categoria. “Nossa situação é precária, estamos desde fevereiro parados, sem trabalhar, sobrevivendo de doação de sacolão. A empresa de frutas que veio para cá, nós fechamos contrato, só trabalhou quatro meses por causa das chuvas. A dificuldade está grande porque a gente depende daquilo. Se o Porto tivesse movimento a gente estaria trabalhando, mas não querem vir para cá porque não tem estrutura”, comenta Paulo César.

A preocupação também é compartilhada entre os estivadores, aponta Paulo César, que é tesoureiro do Sindicato dos Estivadores do Rio Grande do Norte. “Está muito difícil porque vamos completar oito meses parados, sem renda. O navio que atraca aqui é trigueiro e esse navio só é diária, de R$ 70, então o trabalhador não consegue sobreviver porque o navio passa quatro dias, cinco dias. Estamos correndo atrás dos órgãos competentes, mas até agora nada concreto”, comenta.

Os trabalhadores se reuniram com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), para abordar a queda nas atividades do Porto. “Estamos pedindo o apoio de entidades importantes para a nossa causa, para que o poder público olhe para a gente”, destaca Aproniano César. “Temos um problema grande de estrutura. Como não tem dragagem, os navios arrastam no rio, o comandante reporta no diário de bordo e a empresa quando vê isso não quer voltar. As defensas são um problema também”, acrescenta Aproniano.

O presidente da Fiern, Roberto Serquiz, informou ao grupo que está construindo uma proposta de melhoramento das atividades do Porto, que será apresentada à governadora Fátima Bezerra. “O Rio Grande do Norte precisa desse canal logístico para resgatar a competitividade perdida ao longo dos últimos anos. A perspectiva de atrair esses investimentos passa obrigatoriamente por um amplo diálogo. Temos um projeto que aponta ter viabilidade que é o da utilização de Balsa Oceânica para transporte de cargas a partir do Porto de Natal”, declarou.

Empresa quer exportar minério pelo Porto

A Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) afirma que a busca por novos negócios é permanente e que já tem uma carta de intenção da empresa Fomento do Brasil, instalada há dez anos no RN, para arrendamento de área para a exportação de minério pelo Porto de Natal a partir de 2027. O Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica Ambiental (EVTEA) está em fase de conclusão, segundo a Codern.

A Codern tem ainda uma carta de intenção da Agrícola Famosa, considerada a maior produtora e exportadora de frutas in natura do Brasil, que pretende arrendar uma área de quatro mil metros quadrados no terminal. A diretoria informou ainda que está determinada a arrendar o Terminal Marítimo de Passageiros (TMP), construído em 2014.

“É uma grande estrutura, que precisa ser devidamente utilizada por passageiros que chegam nos cruzeiros, mas, também, pela sociedade e nós estamos determinados a isso, integrando o espaço dentro do projeto de revitalização da Ribeira defendido pela Prefeitura de Natal, que está em permanente diálogo com a Codern sobre o assunto”, afirma a Codern em nota.

A empresa explicou ainda que quando a atual diretoria assumiu a Codern em maio de 2023 se deparou com a saída da operação de contêineres pela CMA CGM, que tinha se concretizado um mês antes e o cenário era muito preocupante. “Mas, logo teve o início a exportação de frutas pela Agrícola Famosa, em uma outra modalidade, por pallets, com boas perspectivas de aumentar a movimentação nas próximas safras. Passamos a buscar novos clientes e prospectar novos negócios, bem como a resolução de óbices que limitam o Porto, com destaque para a necessária dragagem e a instalação das defensas da Ponte Newton Navarro, pleitos que recebemos total apoio dos governos Federal e Estadual”.

Cabotagem

Viabilizar a operação de cabotagem no Porto de Natal requer um investimento de aproximadamente R$ 260 milhões. A maior parte do investimento – R$ 200 milhões – seria para a dragagem, processo no qual são removidos sedimentos do fundo do Rio para garantir profundidade adequada à navegação. Os outros R$ 60 milhões seriam destinados para as estruturas de defensas, guindaste e escâner. As informações são da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern).

A Fiern destaca que parte da produção potiguar poderia ser escoada via balsa marítima, como uma alternativa ao transporte por caminhão, o que diminuiria a ociosidade do Porto de Natal.