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Editorial

Retomada da economia com responsabilidade

População deve se conscientizar que o perigo não passou

10/08/2020 18h00

Ao contrário da situação existente em muitos países, o Brasil ainda está numa fase crescente da pandemia da Covid-19, fato que é constatado diariamente pelos números divulgados pelos meios de comunicação. Apenas em poucos Estados o quadro é de queda, mas ainda com números elevados, ou de estabilidade, porém num patamar muito alto, o que deixa muito claro que não é o momento de relaxar nas medidas de prevenção.

Pressionados e, com certa razão, preocupados com os graves danos que a paralisação do comércio e da maioria das atividades produtivas está causando à economia, prefeitos e governadores começaram a liberar a abertura de serviços não essenciais, a exemplo do que está acontecendo em Salvador nas duas últimas semanas. Na capital baiana, a chamada fase dois de retomada das atividades econômicas começou na segunda-feira, dia 10 de agosto, com a reabertura de academias de ginástica e similares; barbearias, salões de beleza e similares; centros culturais, bibliotecas, museus e galerias de arte; lanchonetes, bares e restaurantes.

Mesmo entendendo que, em algum momento, haveria que se autorizar o reinício de tais atividades, não deixa de ser preocupante que isto se faça baseado não na queda continuada dos números de mortes e de infeções, mas sim em razão da quantidade de leitos hospitalares ainda vagos nas redes pública e privada, especialmente dos leitos de UTI destinados aos pacientes acometidos pela Covid-19. Assim, não se está abrindo lojas e retomando-se as demais atividades econômicas porque a situação da doença regrediu ou as taxas de transmissão caíram a um nível que se possa considerar seguro.

O grande perigo de tal circunstância é que, ao tomar conhecimento da liberação, as pessoas passem a considerar que estão livres para tentar retomar sua vida seguindo os parâmetros anteriores à eclosão da pandemia. Caso isto aconteça, não há dúvidas de que a consequência deverá ser novo crescimento dos números negativos, voltando-se a beirar o precipício do chamado “colapso” da saúde, com os hospitais repletos de pacientes.

É preciso deixar claro que tal previsão não é “Síndrome de Cassandra”, aquela que só previa desastres e tragédias, mas é lastreada na experiência vivida por todos os lugares onde foi decidida a retomada das atividades econômicas após as autoridades considerarem que havia se chegado ao “platô” da pandemia e que, portanto, o pior havia passado. O resultado foi o abrupto crescimento do número de casos e a necessidade de serem retomadas as medidas restritivas, às vezes mais amplas do que as anteriores.

A chamada “segunda onda” (ou terceira) é uma realidade e foi registrada mesmo em países nos quais os números baixaram a tal ponto que a pandemia foi considerada sob controle, a exemplo de Cuba e França, para citar exemplos da América e da Europa.

Não há dúvida quanto à necessidade da retomada das atividades econômicas, pela urgência de recuperação de, pelo menos, parte dos empregos perdidos e de fazer com que sejam minimizadas as perdas já registradas nos cofres públicos, alimentados que são pelos impostos e taxas de serviços.

Mas tudo isto deve ser feito com a intensificação das campanhas de conscientização da população, para que se entenda que o perigo não passou e que sair às ruas, fazer compras e praticar atividades de lazer ou esportivas, são ações que precisam estar cercadas de todo o cuidado preventivo, com o uso de máscaras, da higienização imprescindível e da manutenção do distanciamento social.

Enquanto não houver uma vacinação em massa, não existirá a “velha normalidade” e o preço a se pagar para a preservação das vidas daqueles que não sucumbiram à primeira fase do ataque do novo coronavírus será mesmo a manutenção de todos os cuidados recomendados atualmente.

Saibamos todos que tão cedo não haverá nem mesmo o denominado “novo normal”, com as atividades econômicas a pleno vapor ou paralisadas.