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Artigo

A Bahia e o hidrogênio verde

Ricardo Alban

30/05/2022 06h07

A Bahia tem grande potencial de energias renováveis, notadamente eólica e solar, e uma presença crescente da biomassa, em especial na região Oeste.? Com mais de 200 parques eólicos e capacidade instalada em torno de 6 GW (gigawatts), dos quais 2,6 GW em construção, e cerca de 5 GW de energia solar centralizada, a Bahia apresenta-se como um importante estado no cenário da produção de energias renováveis e dispõe de grande potencial de geração a ser explorado.

A biomassa tem importante papel na implantação da cadeia produtiva de hidrogênio verde no país, visto que esta cadeia demandará grande volume de conversão de energia com base renovável. Com isso, a Bahia terá uma contribuição significativa para a descarbonização, auxiliando o Brasil no cumprimento das metas do acordo de Paris, como também na aderência aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).? 

Para o desenvolvimento pleno desta cadeia de energias renováveis na Bahia, implantou-se ao longo dos últimos anos, uma base científica e tecnológica no estado, com a criação de estruturas e grupos de pesquisa, dentre eles os criados no Senai Cimatec, que possuem papel relevante de conexão da ciência, tecnologia e inovação com as empresas do setor de energia.

Dentre as temáticas de atuação, o Senai Cimatec desenvolve projetos de pesquisa e inovação com mapeamento de potenciais eólico e solar, previsibilidade de despacho de energia com inteligência artificial, o uso da biomassa e dos produtos de sua gaseificação, com armazenamento de energia e um centro de competência em hidrogênio verde, produzido a partir de fontes limpas de energia, com o objetivo de formar profissionais de elevado nível para atuar em toda a cadeia de produção, seja em projetos como  operação.? 

Aliada à disponibilidade de energia mencionada, o território baiano conta também com grande disponibilidade de água doce, tendo o maior lago artificial do país, o Lago de Sobradinho, e importantes aquíferos, com destaque para o de São Sebastião na Bacia Sedimentar do Recôncavo Norte. Além de possuir grandes rios perenes, como o Rio São Francisco, Rio Paraguaçu e Rio Itapicuru.

O Estado conta também com o grid elétrico desenvolvido, e em expansão, com capacidade de suprir grandes projetos de infraestrutura energética, integrado ao Polo Industrial de Camaçari. Já o sistema logístico tem vários portos na Baía de Todos os Santos, que operam integrados ao sistema de transportes rodoviário e ferroviário, com aptidão para movimentação de graneis sólidos, líquidos e gasosos. 

A descarbonização total de alguns setores da indústria e transporte possui desafios de ordens técnica e econômica, e o número atual de soluções é limitado. O hidrogênio verde pode ser usado como matéria-prima para a produção de produtos químicos e combustíveis ou diretamente como combustível. 

Alguns países já introduziram uma estratégia de hidrogênio verde e implementaram políticas iniciais para apoiar o setor enquanto novas políticas direcionadas estão sendo elaboradas. Para que o estado da Bahia assuma papel protagonista neste cenário no Brasil, o governo elaborou o Plano Estadual para a Economia do Hidrogênio Verde - PEH?V (Decreto Nº 21.200 de 02 de março de 2022), com o objetivo de impulsionar a pesquisa científica-tecnológica e da inovação, desenvolvimento e produção de hidrogênio a partir de fontes de energia limpa.

Outra ação importante é o Estudo para o Desenvolvimento da Economia do Hidrogênio Verde na Bahia, que está sendo realizado pelo Senai Cimatec, contemplando a caracterização de potenciais sites de produção, o mapeamento da cadeia produtiva e o estudo de modelos internacionais.

O Mapa do Hidrogênio Verde, que vai identificar os sítios mais adequados do Estado para a produção do H2V, ficará pronto em setembro de 2022. O objetivo do projeto vai além da produção do combustível limpo e sustentável. Por se tratar de uma nova tecnologia, vai contribuir também para a geração de empregos e a descarbonização dos setores industriais da produção baiana.

O projeto Indústria Forte é uma realização do Correio com patrocínio da Unipar e Acelen, apoio institucional do Sebrae e apoio da Wilson Sons, Braskem, J.Macêdo, Larco, AJL, Jotagê e Comdados.

Ricardo Alban é presidente da Federação das Indústrias da Bahia – Fieb.

Publicado no jornal Correio

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