12/02/2025 06h05
Foto: Ilustrativa
A Bahia, com sua vasta extensão territorial e posição estratégica na costa do Brasil, enfrenta desafios importantes em sua infraestrutura logística. Estado com mais fronteiras interestaduais, possui limitada matriz de transporte de cargas no que concerne à multimodalidade, aumentando os custos logísticos e reduzindo a competitividade dos setores produtivos de mais de quatro regiões do extenso e rico interior do País, que está inserida ou com os quais possui conexão.
De acordo com o estatístico aquaviário da Antaq, em 2024, o complexo portuário da Baía de Todos-os-Santos (BTS) - composto por dois portos públicos e seis Terminais de Uso Privativo(TUPs) movimentou impressionantes 37,8 milhões de toneladas de cargas, entre os modais de longo curso e cabotagem, seguido por Suape/Recife (24,3 milhões), e Pecém/Fortaleza (21,3 milhões), no âmbito da região Nordeste. Esse desempenho reforça o papel estratégico da Bahia para mercados nacionais e internacionais, posicionando o complexo como principal hub portuário da região. Com acesso ferroviário adequado, tal desempenho poderia ser muito melhor!
Atualmente, toda a carga movimentada na BTS chega ou sai por via rodoviária. A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que a conectava ao Sudeste, encontra-se semi operacional e com seu futuro pendente de renovação contratual. A Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL), em sua versão conectada com a FICO em Mara Rosa, aguarda uma definição quanto ao traçado e conclusão do projeto. Quando ambos os projetos retomarem “os trilhos”, com um ramal que conecte as duas linhas em sua intersecção, a movimentação portuária da BTS poderá crescer exponencialmente. O potencial de cargas que poderiam ser atraídas do Oeste baiano, do Centro Oeste e do Sudeste é fantástico. A ausência de uma matriz de transporte integrada e conexões diretas entre os polos industriais e agrícolas destas regiões com os portos baianos gera atrasos, desperdícios e maior impacto ambiental, prejudicando a competitividade da Bahia e impedindo-a de realizar todo o potencial que as águas abrigadas e naturalmente profundas da BTS propiciam.
A ligação ferroviária com o complexo portuário é crucial para sua consolidação enquanto hub logístico no Atlântico, permitindo o transporte de grandes volumes de carga de forma eficiente, redução de custos operacionais, emissões de carbono e desgaste das rodovias. A atuação integrada dos modais também criará novas oportunidades de negócios e desenvolvimento.
Investir na integração da FCA e FIOL/FICO ao complexo portuário baiano é garantir o desenvolvimento sustentável do Estado, promovendo estrategicamente um futuro de progresso, cujo alicerce é a nossa rica e pujante natureza de nos conectar ao mundo para juntos, ir mais longe.
Demir Lourenço - diretor executivo do Tecon Salvador, unidade de negócios da Wilson Sons.
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