20/04/2022 09h12
Foto: Ilustrativa
A Organização Mundial do Comércio (OMC) espera um crescimento global do volume de comércio de mercadorias de 3% em 2022, ante previsão anterior de 4,7% e 3,4% para 2023. No entanto, as estimativas são menos seguras do que o habitual devido à dinâmica da guerra entre a Ucrânia e a Rússia.
Além disso, a OMC estima um crescimento das importações de 3,9% na América do Norte; 4,8% na América do Sul; 3,7% na Europa; -12,0% no CIS; 2,5% na África; 11,7% no Oriente Médio e 2,0% na Ásia.
A repercussão econômica mais imediata da crise foi o forte aumento dos preços das commodities. Apesar de sua pequena participação no comércio e na produção mundial, a Rússia e a Ucrânia são os principais fornecedores de bens essenciais, como alimentos, energia e fertilizantes, cujo abastecimento está agora ameaçado pela guerra. Os embarques de cereais pelos portos do Mar Negro já foram interrompidos, com consequências negativas para a segurança alimentar dos países com maior índice de pobreza.
A guerra não é o único fator que pesa no comércio mundial no momento. Os bloqueios na China para impedir a propagação da covid-19 estão mais uma vez interrompendo o comércio marítimo, em um momento em que as pressões da cadeia de suprimentos pareciam estar diminuindo. Isso pode levar à escassez de novos insumos industriais e à inflação mais alta.
Com poucos dados concretos sobre o impacto econômico do conflito, os economistas da OMC tiveram que recorrer a simulações para gerar suposições razoáveis sobre o crescimento do PIB em 2022 e 2023. As estimativas atuais, baseadas no Modelo Global de Comércio da OMC, refletem o impacto direto da guerra na Ucrânia, incluindo a destruição de infraestrutura e aumento dos custos comerciais, bem como o impacto das sanções sobre a Rússia, incluindo o bloqueio de bancos russos do sistema de liquidação SWIFT; e a redução da demanda agregada no resto do mundo, devido à queda na confiança dos empresários e consumidores e ao aumento da incerteza.
Sob essas premissas, o PIB global às taxas de câmbio do mercado deverá crescer 2,8% em 2022, uma queda de 1,3 pontos percentuais em relação à previsão anterior de 4,1%. O crescimento deve subir para 3,2% em 2023, próximo à taxa média de 3,0% entre 2010 e 2019. A produção na região da Comunidade de Estados Independentes (CEI) - que exclui a Ucrânia - deverá sofrer uma queda acentuada de 7,9%, o que levará a uma contração de 12,0% nas importações da região.
Com base nas premissas atuais do PIB, o crescimento do volume de comércio de mercadorias em 2022 pode ser tão baixo quanto 0,5% ou tão alto quanto 5,5%. Essas previsões serão atualizadas em outubro, mas uma revisão anterior poderá ser divulgada se justificada pelos dados recebidos.
Exportações e importações
O ano de 2021 viu uma forte recuperação nos volumes comerciais após a queda induzida pela pandemia de 2020, mas o crescimento poderia ter sido maior se não houvesse ondas recorrentes de covid-19 durante o ano. Todas as regiões tiveram crescimento de exportações abaixo da média mundial de 9,8%, exceto a Ásia, que viu suas exportações crescerem 13,8%. A situação se inverteu no lado das importações, onde América do Norte, América do Sul, CEI e Ásia apresentaram crescimento acima da média.
A previsão prevê para 2022 um crescimento no volume de exportações de 3,4% na América do Norte; -0,3% na América do Sul; 2,9% na Europa, 4,9% na CEI; 1,4% na África; 11,0% no Oriente Médio e 2,0% na Ásia.
Os países menos desenvolvidos devem ver seus volumes de exportação e importação aumentarem 3,5% e 6,6%, respectivamente, em 2022. Com exceção do Oriente Médio, todas as regiões viram suas projeções para 2023 revisadas para baixo. Comércio deve aumentar no curto prazo como resultado das sanções, restrições de exportação, custos de energia e interrupções de transporte devido a covid-19.
Fonte: Mundo Marítimo