30/08/2025 08h25
Foto: Ricardo Stuckert - PR
“O Brasil será o campeão mundial nessa transição energética e de combustível renovável”, declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira (29), durante a inauguração do Acelen Agripark, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. O evento marca o início de um dos mais ousados projetos de energia renovável do País e posiciona o Brasil como líder global na produção de biocombustíveis a partir da macaúba, uma planta nativa do Cerrado.
O Agripark, idealizado pela Acelen Renováveis, braço do fundo Mubadala Capital, é o maior e mais moderno centro tecnológico do mundo dedicado à macaúba. A planta será a base para a produção de diesel renovável (HVO) e querosene sustentável de aviação (SAF), com potencial para substituir combustíveis fósseis com até 80% menos emissões de gases de efeito estufa.
“A história dessa planta e desse projeto é a concretização de um sonho antigo. Um sonho que começou lá atrás, ainda em 2003, quando discutimos os primeiros passos para a produção de biodiesel no Brasil. Hoje, estamos mostrando ao mundo que o País está pronto para liderar essa nova etapa”, disse Lula, ao relembrar as primeiras iniciativas de seu governo na área de combustíveis renováveis.
Com investimento total de R$ 314 milhões em todo o programa – sendo R$ 258 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) -, o projeto vai cultivar 180 mil hectares nos estados da Bahia e de Minas Gerais, em áreas de pastagens degradadas. A expectativa é de produzir 10,5 milhões de mudas de macaúba por ano, e gerar 200 empregos.
Um centro de tecnologia de ponta no Norte de Minas
O Acelen Agripark ocupa uma área de 138 hectares, dos quais 59 hectares serão destinados a experimentos (com oito áreas experimentais e uma de controle) e capacidade de germinar 1,7 milhão de sementes por mês. A estrutura abriga laboratórios de pesquisa, estufas, viveiros e áreas de testes para aprimoramento genético da planta.
A unidade integra o projeto de combustíveis renováveis da Acelen, que prevê um investimento total de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões) na Bahia e Minas Gerais. Além do Centro de Inovação, o projeto contempla a construção de uma biorrefinaria na Bahia e de cinco polos produtivos regionais distribuídos nos dois estados.
A macaúba é considerada dez vezes mais produtiva que a soja em rendimento de óleo por hectare. Sua produção também se destaca por não competir com áreas destinadas à produção de alimentos – um ponto fundamental em debates internacionais sobre segurança alimentar e mudanças climáticas.
Inclusão produtiva e parceria com agricultores familiares
Durante a cerimônia, também foi lançado o Programa Acelen Valoriza, que visa integrar pequenos produtores e agricultores familiares ao modelo de produção sustentável. Ao menos 20% das áreas cultivadas com macaúba serão operadas em parceria com esses produtores, com apoio técnico e financeiro da empresa.
O diretor-executivo da Acelen Renováveis, Luiz de Mendonça, destacou a importância da inclusão no projeto. “Estar aqui hoje representa um grande marco, não apenas para a inovação e a tecnologia, mas também para a história do nosso país. Um ato pioneiro e de coragem. Combustíveis que mudam a realidade e geram oportunidade para milhares de famílias”, afirmou.
A primeira família parceira, liderada por Dona Nice, agricultora de Montes Claros, foi apresentada durante a cerimônia. A história dela, marcada pela luta pelo acesso à água e pela permanência na terra, emocionou os presentes e simbolizou a essência do programa.
Importância de políticas públicas para a economia verde
O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltou a importância do projeto Combustível do Futuro, que estabelece mandatos para diesel verde e combustível sustentável de aviação.
“Esse investimento só aconteceu porque tem política pública, que voltaram a ser implementadas no Brasil. Criamos o mandato para o diesel verde, que é onde entra a macaúba. Desses 180 mil hectares que vamos plantar no Norte de Minas e no Sul da Bahia, é mais indústria, mais investimentos, mais inclusão social, mais emprego, mais pessoas vivendo em condições melhores de vida”, destacou.
Fonte: Diário do Comércio