23/09/2020 14h51
Foto: Divulgação
Um estudo do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revela que os acidentes de trânsito no Brasil custaram R$ 1,584 trilhão e tiraram as vidas de 479.857. O valor é praticamente o dobro do que o governo quer poupar com a Reforma da Previdência.
O levantamento, em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), utiliza dados de mortalidade do Datasus, do Ministério da Saúde – que inclui internações e reembolso de gastos – e aplica o Valor Estatístico da Vida (VEV), estimado em R$ 2,26 milhões a valores de dezembro de 2018.
A pesquisa aponta que o ônibus está entre os meios de transportes terrestres rodoviários mais seguros para se deslocar. O modal ferroviário figura também entre os que possuem maior segurança. Os ônibus e micro-ônibus foram os veículos que menos se envolveram em acidentes com mortes, tanto em números absolutos como em proporcionais pela frota.
A maioria das vítimas do trânsito brasileiro, ainda de acordo com o trabalho, é o pedestre. Entre 1996 e 2018, foram 204.693 pedestres mortos. Para se ter uma ideia, de acordo com a estimativa do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para 2020, a população inteira de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, é de 161 mil pessoas.
A priorização ao pedestre e ciclista, bem como os investimentos para a ampliação das opções de transportes públicos, estão entre as ações apontadas pelo Ipea para deixar o trânsito mais seguro. Além disso, o levantamento mostra que as populações de menor renda estão entre as mais prejudicadas pelo trânsito violento.
O Ipea destaca que a maior parte das vítimas são jovens de 18 a 34 anos, mas também foram constatados dados bastante elevados de acidentes com idosos, principalmente devido à reduzida capacidade em atravessar a rua com segurança, por exemplo.
O estudo também mostrou que são necessárias mudanças quanto à gestão de trânsito. A começar por um modelo unificado de registro de acidentes e aperfeiçoamento de equipamentos de segurança nos veículos. Outra proposição é rever a regulamentação de equipamentos de segurança individual dos diversos meios de transporte.
Entre os problemas identificados está também a profusão de regras federais, estaduais e municipais – a exceção são os setores aéreo e aquaviário, que seguem regulamentações internacionais. Os pesquisadores recomendam a adoção de um modelo único de registro das ocorrências e posterior investigação dos peritos, para evitar novos acidentes. De acordo com o estudo, novas diretrizes para as políticas de transporte também impactariam os sistemas de saúde e previdenciário brasileiros.