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Sustentabilidade

Alerta: desmatamento na Amazônia é o dobro de 2019

Os dados mostram que a área desmatada nesses últimos oito meses é de 5.076 quilômetros quadrados

18/04/2020 11h08

Foto: O Estado de São Paulo

Ainda não chegou o período das secas na Amazônia (entre maio e setembro) e mesmo assim os dados sobre o nível de crescimento de áreas desmatadas na região são surpreendentes, de acordo com matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, com base em números divulgados pelo próprio governo federal. Os dados mostram que o desmatamento nesses últimos oito meses é quase o dobro do que foi verificado no mesmo intervalo anterior, de agosto de 2018 a março de 2019.

A área desmatada é de 5.076 quilômetros quadrados, volume muito superior ao verificado naquele período, quando 2.649 km² de floresta foram devastadas. Se observado o intervalo de agosto de 2017 a março de 2018, o número era ainda menor, de 2.433 km².

Cumpre-se, desta forma, a previsão negativa feita pelo climatologista Carlos Nobre, cientista e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, ao alertar para o risco concreto de o desmatamento atingir patamares ainda mais altos neste ano do que os verificados em 2019. O levantamento feito pelo jornal paulista teve como base os dados captados na região amazônica pelo Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que serve para orientar ações de fiscalização contra o desmate.

E, foi fundamentado nos números oficiais que o jornal publicou, no dia 8 de abril, reportagem na qual afirmou que o total de áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia bateu recorde em janeiro de 2020 e que órgãos oficiais do governo, responsáveis pelo acompanhamento do cenário, emitiram alertas para 284,27 km² de floresta – maior índice para o mês desde que começou a série histórica, em 2016, em decorrência do ritmo acelerado da extração ilegal de madeira.

O quadro foi confirmado pelo governador do Pará, Helder Barbalho, que disse ao jornal paulista que o volume de desmatamento é "assustador": E avisou: "Se não houver uma medida drástica e imediata de fiscalização, não haverá mais tempo. Vamos ter um ano de 2020 pior que o ano passado. É preciso lembrar que estamos no período chuvoso e que, portanto, é retirada de madeira, não é queimada. Na hora em que o período chuvoso acabar, poder ter um crescimento absurdo."

Apesar de todos os números e indícios, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, preferiu minimizar os riscos e sustentou que os alertas do desmatamento são apenas uma referência da situação e que têm inconsistências, "devido à incidência de nuvens no período chuvoso."