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Artigo

Alta do diesel causa impactos imediatos na economia

Sérgio Maia

25/03/2021 10h00

Foto: Divulgação

Não sou especialista no assunto, mas não é preciso pensar muito para saber que o aumento no óleo diesel tem um alto e rápido impacto na economia do Brasil, que basicamente é um país que movimenta os seus produtos pelo modal rodoviário. Quais sugestões, de personagens importantes do mercado, para reduzir o preço do diesel? O que se comenta sobre o assunto e quais alternativas estão em evidência?

O presidente da CNT, Wander Costa, concorda que é importante reduzir o preço do óleo diesel no Brasil. Uma sugestão que ele comenta, sem mexer na economia de mercado, nem comprometer a responsabilidade fiscal no país, seria reduzir a quantidade de biodiesel no produto, que onera muito o preço final do diesel.

Atualmente no Brasil, o percentual obrigatório de biodiesel no óleo diesel é de 13%. Segundo Wander Costa estudos mostram que mais biodiesel não reduz a emissão de poluentes, mas sim, aumenta o custo do diesel e da manutenção do veículo; logo, a redução da adição do biodiesel poderia reduzir o preço na bomba, assim como o custo de manutenção do veículo.

O presidente da república, Jair Bolsonaro, chegou a interferir na gestão da Petrobrás em 2021, mudando o comando da empresa, para tentar conter a alta do diesel e outros combustíveis fósseis, mas, infelizmente, essa medida fez as ações da empresa despencarem no mercado e emplacou um tremendo prejuízo à estatal, inclusive com aumento de projeção da Selic e inflação para 2021. Na minha opinião, essa ação teve objetivos políticos e de aumento de popularidade do presidente, mas faltou planejamento, análise de mercado antes da tomada de decisão. Com o processo de venda das refinarias no Brasil, o governo não deve interferir nesse mercado, para que a liberdade da concorrência possa ditar o andamento do mercado desta commodity.

A redução de impostos sobre o diesel não acredito que seja viável, nesse momento de pandemia, onde os governos estão com redução de arrecadação e muitos recursos tendo que ser destinados às áreas de saúde e social.

Reduzir a burocracia, aumentar a competitividade deste mercado e tentar outras alternativas de energia, como o uso do GNV nos caminhões, poderia ajudar na redução do custo de combustível para a movimentação dos produtos, assim defende Pedro Moreira - presidente da Abralog, que é a maior Associação de Logística da América Latina. Ele, recentemente, fez uma parceria com a Afilog, que é a maior Associação de Logística da França. Pedro Moreira concorda que a criação de uma Frente Pró-Veículos a Gás, com participação e liderança do BNDES, montadoras, entidades setoriais, embarcadores, operadores logísticos, redes de varejo, empresas de e-commerce, seja uma boa saída, a qual já está sendo testada com frota, tanto de cargas como passageiros e ônibus.

Lembramos que só em 2021 o diesel já acumula alta de 27,7 %, e esse aumento reflete no frete que reflete no CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) e transportadas pelo modal rodoviário.

Segundo especialistas em tributação, o custo dos combustíveis fósseis, como o diesel que é derivado do petróleo, são impactados por quatro elementos: valor de mercado, lucro de realização, tributação estadual (ICMS) e tributação federal (CIDE, PIS e COFINS), inclusive no mercado internacional a commodity petróleo tem sofrido uma pequena redução, contudo, no Brasil, continua alto por conta do câmbio desvalorizado, mas aí já é outro assunto que não irei discorrer por aqui, é um tema para economistas.

Veículos elétricos, já são uma alternativa ao diesel, mas, por enquanto, os preços desses veículos estão um pouco mais altos. As suas baterias ainda impactam por suas grandes dimensões na cubagem dos veículos, mas é uma realidade que veio para ficar, não só para evitar o uso de combustíveis fósseis, melhorar a sustentabilidade, qualidade do ar que respiramos, mas, também,  impulsionar os veículos de transporte de forma mais barata em um futuro breve.

Grandes players do mercado de transporte, assim como varejistas já estão começando a migrar parte de suas frotas para veículos elétricos, reduzindo a dependência do diesel, com viés de redução de custos e gerando melhor imagem perante seus clientes e o mercado em geral.

O fato é que o transporte move a economia do Brasil e dos países, e pensar na sua preservação, condições com menores custos, irá aumentar a competitividade no mercado e tornar os produtos mais acessíveis, com menores custos, pelo menos no frete.

Não custa aproveitar a oportunidade para provocar os governantes a criar  incentivos/facilidades para a multimodalidade no transporte de cargas no país, seja  rodo-férreo, rodo-marítimo, dutoviário, dentre outros, independentemente daquelas facilidades já regulamentadas para cabotagem em lei recém  sancionada aqui no Brasil.

Sérgio Maia é consultor e profissional de Logística há 22 anos. s[email protected]

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