09/03/2022 15h48
Foto: Divulgação
A indústria automobilística brasileira registrou discreta melhoria no desempenho em fevereiro, de acordo com o balanço divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A produção de 165,9 mil unidades cresceu 14,1% em relação a janeiro. No entanto, o primeiro bimestre de 2022 teve desempenho 21,7% inferior ao do mesmo período do ano passado.
Na mesma tendência, a venda de veículos leves e pesados segue em queda, no comparativo com 2021. Os licenciamentos em fevereiro deste ano totalizaram 129,3 mil autoveículos, 2,2% a mais que em janeiro e 22,8% a menos que em fevereiro.
Março começa com apreensão e análise de cenários, para entender os reflexos da guerra na Ucrânia sobre o preço de commodities como petróleo, gás natural, aço, alumínio, níquel, cobre, e o aumento dos custos na cadeia logística do setor.
Redução do IPI
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, elogiou a recente redução do Imposto para Produtos Industrializados (IPI), que para os automóveis e comerciais leves foi de 18,5%, com diferentes alíquotas, de acordo com as categorias (diferenciadas pela capacidade cúbica do motor, a cilindrada).
“A redução do Custo Brasil, embora ainda tímida, é benéfica não só para o setor industrial, mas também para a geração de empregos, para os consumidores e para a sociedade como um todo", afirmou Luiz Carlos Moraes.
Apesar da boa notícia da redução da carga tributária e a expectativa de que os fabricantes repassem esse benefício para o preço final dos carros, a Anfavea está apreensiva quanto aos reflexos da guerra na Ucrânia no setor. Moraes explica que ainda é cedo para falar em números, contabilizando os impactos.
Mapeamento
Entretanto, a Anfavea fez um mapeamento de riscos: que começa pelo aumento do preço das commodities: petróleo, gás natural, aço, alumínio, níquel, cobre; passa pelo perigo do desabastecimento de semicondutores (Rússia e Ucrânia são grandes produtores globais de paládio e gás neônio, utilizados por fabricantes de chips); pelos desafios logísticos, a exemplo do congestionamento de portos, falta de contêineres, atrasos de navios e fretes pressionados – que já era um problema em 2021 e podem continuar em 2022 – além da alteração de rotas aéreas, que deve prejudicar também o mercado de transporte aéreo de cargas.
Luiz Carlos Moraes destaca que, além das terríveis conseqüências humanitárias, a guerra traz riscos econômicos em todo o mundo. No Brasil, a certeza da pressão inflacionária, o aumento dos juros para conter a inflação, o que tem reflexos sobre o financiamento de veículos. “E efeitos negativos sobre a atividade econômica, principalmente no segundo semestre de 2022”.
Guerra na Ucrânia
A indústria automotiva brasileira vê com “enorme perplexidade a injustificável invasão da Ucrânia pela Rússia”. “Em primeiro lugar, nos preocupa o aspecto humanitário, com tantas mortes, inclusive de civis, e uma legião de refugiados tentando chegar a países vizinhos, incluindo brasileiros. Ainda é cedo para avaliarmos os inevitáveis reflexos negativos sobre a economia global e sobre o fluxo da cadeia logística do nosso setor, mas estamos atentos e preparados para mitigar os danos e buscar alternativas em caso de falta de insumos ou componentes”, comenta Moraes.
“O mundo, ainda vivendo sob uma pandemia que cobra tantas vidas e desorganiza a sociedade, pode sofrer novos e duros golpes caso esse conflito não seja resolvido com um cessar-fogo imediato e a volta da diplomacia”, declarou o presidente da Anfavea.
Fonte: A Tarde