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Artigo

As estratégias para o desenvolvimento

Adary Oliveira

16/07/2022 06h08

Foto: Ilustrativa

A realização de investimentos para expansão da capacidade produtiva de bens e serviços que sejam consumidos pela população traz como consequência o aumento da riqueza, da oferta de empregos, da arrecadação de tributos e do desenvolvimento econômico e social, promovendo melhoria da qualidade de vida e do bem-estar. Um dos problemas enfrentados pelos países em desenvolvimento como o Brasil, é o da escolha do caminho a seguir, indicando aquele que proporcione melhores resultados em menor tempo e que apresente o mais adequado aproveitamento dos recursos naturais sem desperdícios e perdas.

A estratégia de uso de uma política de substituição de importações definida nos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs), em que pese suas imperfeições protecionistas de grupos econômicos e de distribuição de renda, foi considerada como algo de positivo que se promoveu no Brasil. Uma outra alternativa, a de nada fazer, por si só, justifica a decisão e a classifica como acertada. Assim, não se pode negar a contribuição ao desenvolvimento nacional dados pelos programas setoriais encetados nos anos 1970 tais como o Siderúrgico Nacional, de Metais não Ferrosos, de Celulose e Papel, de Bens de Capital e o da Petroquímica, que não só reduziram as importações como também geraram excedentes exportáveis. A produção de celulose de fibra curta, para citar um exemplo, usando o eucalipto (Eucalyptos) em lugar do pinheiro (Pinus Elliottii), criou uma nova commodity mundial e colocou o Brasil na posição de líder inconteste.

Uma outra estratégia que deu certo foi a do aproveitamento dos cerrados seguindo orientação científica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que transformou uma região pouco aproveitada num dos maiores celeiros do mundo. A produção de grãos, frutas e algodão cresce a cada ano e a avidez de consumo por grandes mercados tem feito crescer seu preço mantendo-o em nível elevado. Os bons ventos ainda não são completos pela necessidade de correção de alguns itens da produção como o da origem dos fertilizantes. Temos necessidade de importar os insumos potássicos, nitrogenados e fosfáticos em grande escala e isso nos gera uma grande dependência externa e elevada vulnerabilidade, do ponto de vista de ter uma economia autosustentável.

Mas isso não significa que estamos no mato sem caminho. A experiência de uma empresa em Minas Gerais de substituir o cloreto de potássio pelo siltito glaucônitico, deve seguir em frente e talvez reduza as necessidades prementes de exploração desse mineral ainda de produção insuficiente no território nacional. A exploração da rocha fosfática deve se expandir além das fronteiras da região de Patos em Minas Gerais, aumentando a disponibilidades dessa matéria-prima. Os nitrogenados ganharam novo alento com a volta de funcionamento das plantas de amônia e ureia de Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE) e providências para o reinício das obras da nova planta de Três Lagoas (MS). Além disso são auspiciosas as previsões de instalação de unidades de hidrogênio e amônia verde que vão utilizar como matéria-prima os inesgotáveis, para essa aplicação, água, vento, sol e ar atmosférico.

Muito tem sido criticada a estratégia de exportação de commodities agrícolas, de baixo valor agregado, que caracterizaram o Brasil como grande produtor das sobremesas açúcar de cana, café e cacau. Contudo, é sempre bom lembrar que os produtos agrícolas são renováveis e podem ser oferecidos indefinidamente todos os anos, safra após safra, e se a demanda for boa e o preço crescente, melhor ainda. Muito diferente das commodities minerais que são finitas e de preços mais sujeitos a manobras dos grandes consumidores.

Tudo isso e muito mais pode ser colocado numa cesta de oportunidades que podem ser usadas na formulação de políticas públicas, principalmente na época em que os candidatos a cargos eletivos apresentam seus programas, sugerindo a eles um pouco mais atenção ao tema, colocando-o acima das preocupações com o fortalecimento coletivo dos partidos e reeleição individual de cada um.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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