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Artigo

Bahia: Faltam centros de distribuição e condomínios logísticos

Sérgio Maia

03/01/2021 23h00

Foto:  Abralog - Divulgação

Ao parabenizar e desejar boa sorte aos prefeitos eleitos da Bahia para mandatos de 2021-2024,  torço  para que a enorme carência de galpões e condomínios logísticos do estado, principalmente em Salvador e RMS, possa ser resolvida, desta vez, para gerar uma infraestrutura de atração para médias e grandes empresas e melhoria na economia do estado, quiçá atrair investidores para “built to suit” (termo em língua inglesa, utilizado pelo setor imobiliário para identificar contratos de locação a longo prazo no qual o imóvel é construído para atender os interesses do locatário, já pré-determinado).

Para o “built to suit” é muito importante haver espaços determinados para esses investidores poderem construir, assim como incentivos econômicos para eles virem para Salvador.

Jaboatão dos Guararapes em Pernambuco é uma escola nesse tema, algumas visitas por lá iriam ajudar na aprendizagem e mentoring dos modelos aplicados na região pernambucana e que deram certo. Vide alguns condomínios logísticos de Jaboatão que possuem inclusive uma localização estratégica às margens BR-101 sul, região com concentração de atividades logística e distribuição, situando-se, aproximadamente, a 10 km  do aeroporto internacional dos Guararapes, a 28 Km do complexo industrial Portuário de Suape, 17 km do centro de Recife e a 18 Km do Porto de Recife, ou seja um local bem planejado. Um dos maiores investidores mundiais em “built to suit” é Sam Zell fundador e presidente do Equity Group Investiments. Então, vai como sugestão: contatar esse experiente e bilionário empresário para aprender e talvez atrair o mesmo aqui para a região! Apenas uma reflexão.

O metro quadrado de piso-galpão aqui na região ainda é muito caro e raro de encontrar, devido a uma carência enorme de espaços de CD (Centros de Distribuição) e condomínios logísticos, espaços esses que, no nosso vizinho estado nordestino – Pernambuco, existe muito bem organizado e com incentivo governamental, para atração desse segmento de mercado tão importante para economia e logística.

Lembro que quando trabalhava em uma grande multinacional de varejo, nos idos de 2010, e queríamos apenas 15.000 m2 de galpão com rampa, segurança e estrutura única, para trazer um CD de Cargas Secas aqui para a região, tínhamos a maior dificuldade, pela falta de estruturas descentes e disponíveis. Os CD´s nem rampa para descarga tinham, sendo necessário inclusive compra de rampas móveis, que não são práticas e geram lentidão na descarga de caminhões, sem contar com a falta de pátio para estacionamento e estrutura de apoio para os sofridos caminhoneiros - banheiros, refeitórios etc.., considerando que infelizmente ainda há uma grande dependência do modal rodo, ao invés da cabotagem e ferroviário.

Vai um elogio para o Deputado Federal Otto Alencar Filho, que, recentemente, colocou na Câmara dos Deputados um projeto para fortalecer e incentivar a cabotagem – de cargas e pessoas no Brasil, que é um modal mais barato na logística e muito útil para a média e grande indústria e para o varejo.

No programa de governo do prefeito eleito de Salvador, Bruno Reis, percebi que ele pretende investir mais em logística na capital baiana, além de tornar a cidade um polo de saúde, desenvolver a educação, a mobilidade urbana e avançar e ações de “smart city” para a cidade. Muito louvável e necessários estes projetos, inclusive em linhas gerais, a intenção é desenvolver polos e condomínios logísticos no bairro de Valéria, próximo da provável nova rodoviária de Salvador, que deverá inclusive descongestionar muito a área do Iguatemi e LIP após retirada da pequena, com infraestrutura antiga e mal localizada rodoviária de Salvador.

Ressalto aqui o Trecho diretrizes plano de governo 2021 – 2014, da Prefeitura de Salvador: “Polo Logístico de Valéria: A área limítrofe com o município de Simões Filho, numa das extremidades da Macro Área de Integração Metropolitana, foi a alternava selecionada no novo PDDU para a integração funcional e a reconstrução do link econômico entre Salvador e seu entorno metropolitano, com o desenvolvimento de um moderno centro de serviços logísticos. Aí deverão se localizar os terminais logísticos, os centros de distribuição, as estações aduaneiras, as empresas atacadistas e de transportes, bem como indústrias urbanas e serviços de manutenção industrial e comercial, além das garagens das empresas de transportes de cargas e de passageiros, podendo inclusive comportar um terminal de carga rodoferroviário. Essa área apresenta grande potencial para desenvolver-se como retroporto em relação ao Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, recém ampliado.

Também o advento da pandemia de Covid-19 modificou a estrutura do comércio, demandando novas centrais de distribuição, de escala urbana, utilizando veículos de menor porte para atender à multiplicidade de produtos adquiridos online. Com a percepção de sua importância, nas 101 medidas para reativação da economia, anunciada pelo ex-prefeito ACM Neto, incentivos fiscais foram estabelecidos para a implantação e ampliação de centros de distribuição. Toda a região de Águas Claras, entre os Parques de Pirajá e de Ipitanga I, estendendo-se até a Base Naval de Aratu, em área contígua ao Centro Industrial de Aratu (CIA), contará com os investimentos infraestruturais necessários por parte da Prefeitura, para dar suporte aos investimentos privados que para aí se desenharem. O Polo Logístico de Valéria, por sua localização, integra-se, também, à Iniciava pelos Bairros Populares. Além de gerar oportunidade de trabalho e renda para a população que habita as regiões do “miolo” e do Subúrbio, o Polo Logístico de Valéria contribuirá duplamente para a melhoraria da mobilidade urbana, com a redução de longas viagens casa trabalho e a redução significava da circulação de veículos de grande porte no interior da cidade.”

Para Salvador sugiro que a Prefeitura flexibilize impostos, taxas e faça um projeto e trabalho realmente técnico e focado em gerar infraestrutura de logística e oportunidades para que possa crescer na região, além de colocar pessoas técnicas nas secretarias ligadas ao tema de logística, que entendam e tenham experiência na área.

Que venham mais condomínios de logística e centros de distribuição que possam atrair e apoiar médias e grandes empresas em Salvador e RMS, tirando a região, principalmente, desse status de atraso pelas estruturas pequenas, inseguras e mal localizadas disponíveis atualmente.

Que a Logística da Bahia tenha um Feliz Ano Novo!

Sérgio Maia - Gestor de Logística - [email protected]