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Sustentabilidade

“Bahia Florestal” traz oportunidades de investimentos verdes

O relatório mostra que a silvicultura é uma importante atividade, com potencial para ser ainda maior no estado baiano

26/09/2021 07h39

Foto: Divulgação

A Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf) lançou o “Bahia Florestal 2021”, um relatório sobre o potencial do estado para o setor de base florestal como oportunidade de investimentos verdes.

A Bahia é o quinto maior estado brasileiro em área, são 564.760 quilômetros quadrados. Agropecuária, mineração e atividades industriais são os principais pilares da economia do estado que tem quase 15 milhões de habitantes. Nestes três segmentos está inserida uma importante atividade, com potencial para ser ainda maior: a silvicultura.

De acordo com um levantamento feito pela Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf), o estado detém 618 mil hectares (ha) com florestas plantadas. O estudo “Bahia Florestal 2021” aponta que 95% (585,6 mil ha) são relativos a áreas com eucalipto, o que leva a Bahia a ocupar o 4º lugar no ranking nacional de cultivo deste gênero.

O relatório aponta ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) florestal-industrial (de base florestal plantada) do estado alcançou R$ 14,32 bilhões em 2020. Este valor representa uma contribuição do setor na ordem de 5% no total do PIB estadual, reforçando a relevância do setor florestal. A contribuição na arrecadação tributária do estado foi de 4%, equivalente a estimados R$ 4,14 bilhões em 2020.

Diversidade

A diversidade de atividades que a produção de madeira de árvores plantadas alcança também é um dos destaques do relatório publicado pela Abaf. Dados do Bahia Florestal 2021 dão conta de 521 empresas que fazem parte da cadeia produtiva do setor florestal-madeireiro no estado. Cerca de 52% dessas empresas estão associadas com a produção de móveis de madeira, 32% com a indústria madeireira (serrarias e usina de tratamento de madeira) e 16% com a indústria de celulose, papel e papelão. Destacam-se ainda a produção de carvão vegetal e de biomassa (pellets e resíduos oriundos da atividade florestal), que suprem a indústria do agronegócio e de bioenergia no estado.

Estes produtos, de base renovável, vêm de florestas plantadas para fins comerciais. São plantios planejados e manejados por um setor compromissado sob o ponto de vista social, econômico e ambiental. É um setor que planta árvores, colhe e depois planta de novo. Sempre em áreas antes degradadas (zero desmatamento) e sem vocação agrícola para outras culturas. Também contribuem para a preservação das matas nativas, para a mitigação de mudanças climáticas, têm um enorme valor na regulação do fluxo hídrico, conservação do solo, manutenção da biodiversidade, entre outros serviços ambientais fundamentais para produção agrícola e qualidade de vida.

Vale lembrar ainda que o setor movimenta o comércio e os serviços locais dos municípios onde estão instalados os plantios, bem como as indústrias e toda a cadeia de suprimentos que faz desta uma das atividades que mais tem contribuído para a transformação social e econômica de diferentes regiões da Bahia. Na Bahia, o setor que está presente em quatro polos de produção – Sul e Extremo Sul, Sudoeste, Oeste e Litoral Norte – contribui para a desconcentração do desenvolvimento econômico do estado, levando ao interior mais empregos qualificados, renda, impostos e contribuições ambientais de elevada significância.

Plantar para não faltar

O relatório bienal produzido pela Abaf é uma ferramenta para o planejamento de atuais e novos investimentos no estado. “Destacamos que o setor florestal é uma atividade de médio e longo prazo e por isso precisa ser planejada antecipadamente para um perfeito equilíbrio entre a oferta e demanda de madeira e seus diversos usos múltiplos e integrando ainda mais os pequenos e médios produtores e processadores de madeira de florestas plantadas. Esta é a proposta da Bahia e a Abaf está preparada, juntamente com seus parceiros governamentais e da iniciativa privada, para ampliar a produção tendo em vista as boas condições já existentes de solo, clima e com as novas infraestruturas. Nosso lema é: plantar para não faltar”, explica o diretor executivo da Abaf, Wilson Andrade.

“Acreditamos que o potencial para crescimento desta indústria em nosso estado é gigantesco. Os números do relatório mostram. Com infraestrutura logística adequada, melhores rodovias e novas ferrovias, vamos proporcionar mais oportunidades de investimentos verdes. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), por exemplo, vai favorecer novos investimentos e receitas não somente para o setor empresarial, mas também tributos para o governo da Bahia e municípios, além de possibilitar a geração de novos empregos diretos e indiretos. A Fiol, em construção, cruza a Bahia em 1.100 quilômetros, cruzando cerca de 40 municípios, criando um marco e um novo ciclo no desenvolvimento e crescimento econômico da Bahia com o surgimento de novos polos agroindustriais autônomos que passarão a contar com a infraestrutura mais eficiente de logística”, acrescenta Andrade.

De acordo com o presidente da Abaf, Moacyr Fantini Junior, entre as oportunidades que o país tem, não existe outro setor mais atento que o florestal às novas possibilidades de crescimento. “O setor florestal traz exemplos de um trabalho sério pautado nas novas utilizações da madeira plantada para atender novos hábitos de consumo sustentável. A madeira é matéria-prima renovável de cerca de cinco mil produtos que usamos no nosso dia a dia”, explica o presidente

Já o economista, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, informa que o setor florestal tem nas árvores cultivadas a base da sua produção, oferecendo bioprodutos e biomateriais para o mercado nacional e internacional. Segundo ele, o segmento está investindo R$ 54 bilhões até 2024, destinado para florestas, novas fábricas, expansões, tecnologia e ciência.

O diretor executivo da Abaf, Wilson Andrade, reforça que as árvores cultivadas estão diretamente ligadas com outros negócios. “Nosso setor está fortemente integrado com outros segmentos da economia como: mineração, papel e celulose, construção civil, têxtil (viscose), madeira serrada (móveis, pisos etc.), projetos de energia e pellets, processamento de grãos e fibras, entre outros. Assim, ao tempo em que recebemos alavancagem desses setores, atendemos a demanda de cada um deles por madeira, em perfeita sintonia, possibilitando o crescimento dos investimentos no interior do estado.”