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Artigo

Bike: divertimento de alguns e sobrevivência de muitos

Augusto Cezar Ribeiro Costa

20/09/2020 21h00

Foto: Divulgação

Ela deixou de ser apenas um brinquedo ganho por crianças e adolescentes em épocas dos aniversários ou de presente nas festas do Natal. Aquela bicicleta de antigamente já não é chamada assim. Agora ela é cycle, bicycle ou simplesmente bike.  E sua função deixou de ser apenas um brinquedo divertido da molecada. Tornou-se um meio de transporte, um modal muito importante, ou talvez mais importante que todos os modais de transportes, por ser relativamente acessível a grande maioria da população. E, principalmente, porque não agride ao meio ambiente.

O debate sobre o uso da bicicleta como um meio de transporte é assunto rotineiro na esfera pública brasileira há muitos anos e, apesar dos avanços em termos de infraestrutura, com implantação das chamadas ciclovias, os ciclistas enfrentam muitas dificuldades nos grandes centros urbanos. O ato de andar numa bike deixou de ser uma simples distração para tornar-se um meio de sobrevivência a milhares de pessoas, que utilizam suas bikes para entrega de produtos na modalidade do “delivery” tão difundido nos dias atuais com o advento da pandemia da Covid-19. São os mochileiros sobre duas rodas.

O uso da bike como meio de transporte comercial não pode mais ser classificado como uma "tendência", já que ele veio para ficar. Resta então conscientizar a sociedade para um convívio pacífico e seguro entre ciclistas, pedestres e motoristas. Então, qual seria o melhor caminho para integrar as bicicletas ao intenso tráfego de automóveis nas grandes cidades? 

A ampliação e modernização das rotas cicloviárias é tida como a alternativa dos gestores municipais e as principais questões sobre sua implantação engloba planejamento e infraestrutura, em outras palavras, melhorar qualidade dessas ciclovias.

Os fatores que influenciam o uso da bike como meio de transporte vão desde a acessibilidade, agilidade, rapidez, saúde e no momento atual custo-benefício. Por meio das pedaladas é possível escapar dos congestionamentos economizando gasolina, fazer uma atividade física, e ao mesmo tempo observar sua cidade por uma ótica diferente da que é vista normalmente.

Contudo, existem muitos caminhos a serem percorridos. Os ciclistas nas grandes cidades encontram dificuldades para usar outros meios de transportes devido as distâncias a serem percorridas no dia a dia. Uma opção, o que aliás já vem sendo observada nas novas estações de metrô, é a adequação do transporte público às bikes, com a integração com os terminais de ônibus e trens urbanos.

A estrutura complementar deficitária também dificulta a locomoção via bicicleta, já que nem todos os espaços públicos e de empresas privadas contam com locais adequados e seguros para que os seus funcionários coloquem sua bike, um item indispensável na vida dos que pedalam para chegar ao trabalho.

A maioria das cidades brasileiras carecem de infraestrutura cicloviária. Apesar dos investimentos que vem sendo realizados, as ciclovias e ciclofaixas cobrem apenas um pequeno percentual de ruas e avenidas dos grandes centros urbanos.  Salvador, por exemplo, conta com pouco mais de 300 vias para bikes e 281,8km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, o que além de insuficientes, uma boa parte delas, é mal conservada e mal sinalizada. E a relação dos ciclistas com os outros meios de transportes e pedestres nem sempre são das melhores.

Agosto é o mês dedicado ao ciclismo e a data de 19 foi escolhido para ser o Dia do Ciclista. A data é reservada às pessoas que escolheram a bicicleta como meio de transporte ou adeptos do esporte, é uma homenagem a Pedro Davison, um jovem de apenas 25 anos morto brutalmente após um atropelamento em umas das avenidas do Distrito Federal há alguns anos atrás.

No dia 22 de setembro, é celebrado Dia Mundial sem Carro, quando, mais uma vez, se destaca o uso das bikes como uma alternativa de mobilidade.

Nesses contextos, é preciso ressaltar a importância do respeito no trânsito como forma de melhorá-lo e torná-lo mais convidativo àqueles que enxerguem a bicicleta como opção, seja para seu lazer seja como meio de sobrevivência. O pedestre sempre vai ter prioridade diante dos demais meios de transportes, até mesmo pelas bikes.

Por isso, ciclistas, não andem na calçada e só atravessem nas faixas desmontados, respeitando os semáforos. Na ciclovia, respeitem a velocidade máxima e tenham paciência com os pedestres que optem por caminhar ali. A primeira, e talvez mais importante, prática no caótico trânsito brasileiro, responsável pela morte de 40 mil pessoas por ano, é sempre cuidar do mais "fraco". E os mais fracos no trânsito são vocês ciclistas e nós os pedestres.

Augusto Cezar Ribeiro Costa – Estatístico, trabalhou 51 anos na Companhia das Docas do Estado da Bahia - Codeba e, atualmente, é diretor Administrativo-Financeiro do portal Modais em Foco.