16/06/2020 07h00
Foto: Divulgação
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, disse ontem (15), durante seminário online sobre a retomada do crescimento por meio de investimentos em infraestrutura, que as medidas de proteção social são necessárias, mas é importante alavancar recursos que possam por em andamento os projetos de infraestrutura. O cenário macroeconômico com juros mais baixos torna o Brasil mais barato para atrair investidores.
“O momento é apropriado para investir no Brasil”, disse Montezano referindo-se à fragilidade da infraestrutura nacional e indicou que isso tem que mudar. “A gente tem que lutar para mudar isso o mais rápido possível”.
Segundo Montezano, a pandemia do novo coronavírus expôs a necessidade de realização das reformas das áreas de saneamento e do setor elétrico como um todo. “O ambiente é favorável para as reformas macroeconômicas e também setoriais”. Defendeu que é preciso firmar parcerias e trabalhar em escala com outros bancos brasileiros e estrangeiros que atuam no país para que os projetos de infraestrutura sigam em frente.
“O nosso sucesso depende do sucesso de vocês no Brasil. A gente tem que atuar como facilitador dos bancos multilaterais no Brasil”. Na ótica da leitura de risco, ele acredita que isso vai ajudar no resultado dos projetos. A meta do banco não é competir, mas colaborar com os demais bancos multilaterais, assegurou.
Garantias e fianças
Gustavo Montezano pretende que o BNDES atue, ainda este ano, como garantidor, como seguro de crédito, em operações do mercado de capitais e em sindicalização com outros bancos. Disse que o BNDES, para realizar sua missão de promover o desenvolvimento sustentável do Brasil, tem atuado historicamente pelo canal do crédito, como financiador principal do crédito direto e indireto. Nos últimos 12 meses, deu uma escala sustentável ao canal de serviços e, agora, pretende entrar no terceiro pilar, que é o seguro de garantias e fianças, que complementa os dois primeiros canais, quando o banco toma risco direto ou indireto do projeto, mas sem colocar o caixa proprietário.
Um marco disso ocorrerá no próximo mês de julho, com o lançamento do programa emergencial de acesso ao crédito, onde o banco vai atuar em escala nunca vista em seguro de crédito, mencionou Montezano. O próximo passo é o banco operar, em seus negócios de infraestrutura, com seguros e fianças para projetos. “Isso é importante porque você começa a quebrar a sua matriz de risco em vários ítens de risco e em vez de atuar como um financiador principal no projeto, ele pode pegar uma matriz de risco, de uma parte temporal do projeto, de uma reserva de liquidez, e prover uma fiança para aquela parte do projeto”. O BNDES está trabalhando na forma mais adequada de lançar essa nova modalidade no mercado, mas Montenazo afirmou que isso vai prover garantia de capitais para outros investidores que, porventura, não tenham o mesmo apetite do banco para outros vetores da matriz de risco. A ideia é fazer isso ainda este ano.
Prioridades
Presente ao seminário, o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, destacou que para a efetivação dos projetos de infraestrutura, que considera essenciais para a retomada econômica pós-pandemia, é de extrema importância a aprovação pelo Legislativo dos marcos regulatórios. “O mais importante para o governo é a questão do saneamento. Essa é a prioridade para trazer capital privado para esse setor tão importante para a saúde pública pós-crise”, assegurou Guaranys. Elencou ainda como prioridades a área de energia e o novo mercado de gás e de petróleo. O secretário salientou também a importância das parcerias público privadas (PPPs), para poder deslanchar vários projetos.
O diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, Fábio Abrahão, informou que um dos focos do banco é gerar impacto social e preparar o Brasil para receber investimentos. Reconheceu, por outro lado, que o país tem uma “erraticidade de qualidade” nos projetos de infraestrutura. E justamente devido à falta de estruturação dos projetos e do processo de originação, onde considera que existe o maior gap (lacuna), o Brasil tem pouca atração de investidores qualificados.
“A gente encara a originação como elemento crítico”. Outra parte problemática, manifestou, é na fase pós-leilão e crédito, onde a estrutura de garantias para empréstimos ganha destaque e merece atenção redobrada do banco. Segundo revelou Abrahão, o BNDES tem atualmente 73 projetos em estruturação, nos âmbitos federal, estadual e municipal, com capacidade de R$ 188 bilhões em investimentos, a maior parte nos próximos dois anos e meio. Muitos desses projetos são de infraestrutura econômica, como rodovias, portos, mobilidade urbana, e social (saneamento, iluminação pública, meio ambiente, entre outras áreas).