29/08/2021 14h00
Foto: Marcello Casal Jr - Agência Brasil
A alta dos preços dos alimentos e o aumento do desemprego têm levado milhares de brasileiros a depender da solidariedade para ter comida em casa.
A fome é uma realidade para além do sertão seco. Também está nas capitais e se agravou durante a pandemia. No final do ano passado, pouco mais da metade da população brasileira convivia com algum nível de insegurança alimentar.
“A partir do momento em que eu deixo de pagar um transporte para ir andando para um local, para pegar esse dinheiro e comer, eu estou em algum nível de insegurança alimentar. Quando eu deixo de comprar roupa, quando deixo de usar o transporte, quando deixo de comprar uma medicação para comprar comida, é algum grau de insegurança alimentar”, diz a nutricionista Amanda Ornelas.
Muitas vezes é a solidariedade que coloca comida na mesa de quem mais precisa. Sabe aquela história de gente que ajuda gente? É o caso do Seu Jailson, que há 12 anos ajuda a comunidade onde vive com doações. Uma vez por semana vai até a Ceasa para catar, pedir sobras de alimentos, juntar tudo e distribuir depois. No carrinho, ele recolhe o que iria para o lixo, mas ainda serve pra consumo, e também o que recebe de doação dos próprios feirantes.
“É uma ajuda. É um ajudando o outro. Numa época dessa que nós estamos, né? ", diz a feirante Nilzete da Silva.
"Nunca saio com o carrinho de mão vazio. Sempre levo alguma coisa para minha comunidade”, conta Jailson Silva Santos, que é reciclador.
De volta à comunidade, é hora de separar tudo, montar kits e sair de porta em porta distribuindo comida e afeto.
“Ele está sempre constante comigo. Esse menino é um menino de ouro”, diz a aposentada Marieta Maximiniana do Carmo sobre Seu Jailson.
ONGs, instituições e órgãos públicos também se unem para tentar matar a fome. Em Salvador, um banco de alimentos montado pela prefeitura da capital recebe doações de grandes e pequenos comerciantes, mas qualquer pessoa pode ajudar.
“Às vezes um produto que você não compraria no mercado, uma maçã que amassou, uma banana que saiu da penca, um produto que estaria perto de vencer, o mercado não consegue distribuir, e para gente tem muito valor. A instituição vem, pega e faz chegar de imediato na pessoa que mais precisa na comunidade”, afirma Ana Paula Matos, vice-prefeita de Salvador.
E chega à gente como Adriana, que tem um trabalho de apoio a pessoas em situação de rua.
“Se está difícil para gente que tem casa, que tem moradia, imagine para quem mora na rua? Estão passando fome. A gente tem que levar comida para o povo. Qual o projeto? Amor, amor ao próximo”, diz Adriana Anjos.
São projetos que criam uma corrente de solidariedade para garantir um direito básico: comida na mesa.
“Eu não ganho bem, não tenho dinheiro suficiente para manter. Mas eu tenho o coração bom, de pedir ajuda”, afirma Jailson.
Fonte: G1