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Artigo

Brasileiros que marcaram época

Adary Oliveira

06/05/2022 06h06

Foto: Divulgação

Inúmeros são os brasileiros que marcaram época com seus feitos extraordinários, galgando a imortalidade por merecimento. Não posso aqui citar todos, mas me atrevo a escrever os seguintes nomes: Ruy Barbosa, Castro Alves, Osvaldo Cruz, Santos Dumont, Visconde de Mauá. Entretanto, desejo ressaltar neste artigo aquelas personagens contemporâneas, com quem convivi ou cheguei bem perto delas, testemunhando contribuições importantíssimas para construção do nosso país.

Conheci a Irmã Dulce e estive com ela em várias ocasiões. Uma delas foi no dia 10 de dezembro de 1981 quando fiquei ao seu lado em solenidade no Palácio da Aclamação, sendo homenageada pelo Governo do Estado que lhe concedeu o título de Comendadora. Foram homenageadas cerca de 20 pessoas, mas os fotógrafos e jornalistas que deram cobertura ao evento só fotografaram ela, só entrevistaram ela. Muito antes da Igreja Católica os baianos já a tinham como santa, pelos milagres que fazia e continua fazendo. Só uma santa poderia fazer em vida as coisas admiráveis que ela fez dedicando-se aos pobres e necessitados.

A única vez que estive com Oscar Niemayer foi no Aeroporto do Galeão, num daqueles encontros fortuitos que o acaso nos reserva. As suas obras mais famosas estão em Brasília, enchendo os brasileiros de orgulho pela maravilha dos projetos de vários edifícios cívicos. Seus traços estão em vários ambientes, inclusive na sede das Nações Unidas, Nova Iorque. Foi premiado e reconhecido por todos sendo sua maior contribuição o desenvolvimento da arquitetura moderna, enriquecendo-a no Brasil e em todo o mundo.

Residiu no Espírito Santo o empresário brasileiro, nascido na Noruega, Erling Lorentzen. Ele teve a ideia extraordinária de conceber e construir uma fábrica de celulose usando madeira de eucalipto como matéria-prima. O projeto foi apresentado ao Banco Mundial (Bird) e o financiamento solicitado foi negado. O Bird alegou que a celulose de fibra curta nunca seria uma commodity mundial e que o projeto era inviável. A ideação foi levada para o então Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE) que tinha como presidente o capixaba Marcos Viana. O projeto foi aprovado e recebeu todo o apoio do Banco.

No Brasil o eucalipto é cortado com sete anos de idade, enquanto na Escandinávia o corte do pinheiro só ocorre quando a árvore tem, pelo menos, 22 anos. A produção de eucalipto se expandiu do Espírito Santo para a Bahia onde foram erguidas duas novas fábrica, passando o Brasil a ser o maior produtor mundial de celulose de fibra curta.

A ideia de se implantar no País a indústria petroquímica surgiu em vários lugares e épocas, mas o projeto só foi para a frente quando Leopoldo Migues de Melo, diretor da Petrobras, decidiu levá-lo adiante. Ele contava com excelente equipe de técnicos, liderada por Otto Vicente Perrone, com estudos de Rômulo Almeida e apoio de Ernesto Geisel, presidente da Petrobras. Em 1967 foi criada a Petroquisa, subsidiária da Petrobras, que liderou o projeto. Em 1972 foi contratada equipe de japoneses que veio trabalhar no Brasil na concepção do projeto, e em 1974 foi iniciada a terraplenagem da área em Camaçari. Embora a importação de produtos químicos e petroquímicos não tenha sido eliminada em sua totalidade, devido à grande complexidade dessa indústria, em muito contribuiu para o nosso desenvolvimento industrial.

Não poderia deixar de citar Alysson Paulinelli que fundou a Embrapa e acreditou que a região dos Cerrados poderia ser utilizada na agricultura. O Brasil avançou na produção de grãos e algodão e hoje é considerado o celeiro do mundo. Estive com ele pessoalmente na posse do baiano João Martins na presidência da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em Brasília. Continua trabalhando muito. Fico por aqui por falta de espaço. Temos muitos brasileiros que merecem ser eternizados pelo que fizeram.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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