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Economia

Cesta básica ideal para uma pessoa chega a R$ 432 em abril

Cálculo inédito do Instituto Pacto Contra a Fome prevê a ‘cesta ideal’, com base em valor nutricional

12/05/2025 14h47

Foto:  Agência Brasil

Mais de 70% da população brasileira não possui renda suficiente para arcar com o custo de uma cesta básica ideal, estimada em R$ 432 por pessoa. O dado alarmante foi divulgado pelo Instituto Pacto Contra a Fome na mais recente edição do Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos.

Elaborada pelo Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (Nebin), a cesta considera critérios de alimentação adequada e valor nutricional. Em abril de 2025, o valor representava 21,4% da renda média per capita do país, calculada em R$ 2.020, segundo dados da PNAD Contínua divulgados no dia 8 deste mês.

O levantamento revela ainda que mais de 10% da população — cerca de 21,7 milhões de brasileiros — vive com uma renda mensal inferior ao custo total da cesta.

“Essa estimativa revela que, mesmo sendo um direito garantido, a alimentação adequada está fora do alcance da maioria da população. Nosso objetivo é evidenciar a distância entre a garantia constitucional e a realidade econômica das famílias. Sem monitoramento contínuo e políticas públicas efetivas e baseadas em evidências, o enfrentamento da insegurança alimentar segue ineficaz”, afirma Ricardo Mota, gerente de inteligência estratégica do Pacto Contra a Fome.

Inflação dos alimentos pesa mais para os pobres

O boletim também aponta para a retomada da alta nos preços dos alimentos em abril. O grupo Alimentação e Bebidas registrou inflação de 0,82% no mês, impulsionado por aumentos expressivos nos preços da batata (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%) — itens que tiveram forte impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

No mesmo período, o índice geral ficou em 0,43%, evidenciando o peso desproporcional da inflação alimentar sobre o custo de vida, especialmente para as famílias de menor renda.

Apesar de quedas em produtos como arroz (-4,19%), mamão (-5,96%) e feijão preto (-5,45%), os alimentos essenciais e in natura — mais suscetíveis a variações climáticas e sazonais — continuam a pressionar os preços.

De acordo com o estudo, o impacto da inflação alimentar sobre famílias vulneráveis pode ser até 2,5 vezes maior do que sobre as de alta renda.