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Artigo

Cidadania, dever de todos

Paixão Barbosa

16/02/2021 17h00

Foto: Divulgação

De acordo com as definições mais aligeiradas, cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais. Isto significa que direitos e deveres estão interligados, e o respeito e cumprimento de ambos é que contribuem para uma sociedade mais equilibrada.

Mas, o que se vê comumente no Brasil é uma prática muito diferente desta definição, ou seja, cidadania só vale quando é para se cobrar o cumprimento dos direitos.

A parte referente aos deveres quase sempre, de modo conveniente, é esquecida. É claro que é fundamental, para o exercício pleno da cidadania, ter consciência dos seus direitos e lutar para que eles sejam respeitados. Porém, também é essencial que todo cidadão tenha consciência de que é preciso fazer sua parte, dar uma contrapartida, que é justamente a que corresponde ao cumprimento dos seus deveres.

Infelizmente, boa parte dos brasileiros embarca na onda do “jeitinho”, que nada mais é do que buscar formas de burlar o cumprimento de algum dever ou a legislação e sair com a sensação de ter sido mais esperto, mesmo que isto signifique prejuízo ou incômodo para alguém.

Exemplos práticos desse desrespeito aos direitos dos outros ou à legislação e normas são vistos todos os dias nas ruas ou em estabelecimentos públicos e privados. A figura que tenta burlar a fila no banco, aproveitando-se de algum conhecido que está mais à frente, o outro que dá uma “roubadinha” no trânsito ou oferece um “trocado” para que o gari limpe melhor a frente de sua casa ou do seu prédio são casos que refletem práticas contra o exercício da cidadania.

Um exemplo clássico é o dos “cidadãos” que jogam lixo nas ruas e calçadas afirmando que é dever do poder público fazer a limpeza uma vez que pagam impostos para que tal serviço seja prestado. Esquecem-se de que se eles cumprissem seu dever de evitar sujar a cidade, iria sobrar mais dinheiro dos impostos para que seus filhos tenham melhor educação e eles mesmos contem com atendimento de qualidade na saúde.

Outro exemplo é o das pessoas que discursam nas mesas de bares ou em qualquer lugar protestando contra figuras públicas que são corruptas, mas não acham nada de mais pagar propina a um guarda rodoviário quando é flagrado com alguma irregularidade no carro. Pagar propina ou oferecer vantagem a servidor público, seja um trocado ao gari ou uma “graninha” ao guarda, é corrupção similar aos casos em torno dos milhões de reais da Petrobras. O que muda é o valor, o princípio do ato é o mesmo.

Portanto, mesmo sem querer dar aula, é preciso destacar ser fundamental colocar em prática tais princípios, que são tão simples, e, principalmente, transmití-los aos nossos filhos como dever de casa, caso desejemos viver numa sociedade e num país melhores. E aí sim, ter autoridade para cobrar mais respeito aos nossos direitos, educação de bom nível nas escolas e um serviço de saúde que não nos deixe a morrer em longas filas nos postos de atendimento.

Paixão Barbosa é jornalista.

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