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Artigo

Cidade exportadora de tecnologia

Flavio Marinho

12/04/2021 06h00

Foto: Ilustrativa

A pandemia da Covid-19 tem nos revelado importantes contradições frente às transformações tecnológicas em curso. Seu entendimento contribui para a avaliação da atual situação econômica de Salvador e dos seus futuros possíveis.

A ameaça biológica e as medidas de restrição social intensificaram o consumo de serviços e conteúdos digitais, precipitaram mudanças de comportamentos e, consecutivamente, a aceleração da digitalização. Assim, se por um lado, o confinamento repercute na retração do consumo em negócios tradicionais, por outro, novas janelas descortinam-se para horizontes promissores.

Empresas soteropolitanas (de Salvador – Bahia) destacadas no setor digital têm observado grande crescimento ao longo da pandemia. Profissionais locais têm sido contratados para atuar remotamente para grandes atores globais, como Facebook e Apple. O Senai Cimatec fortaleceu sua posição diante dos desafios enfrentados para combater a pandemia e seus reflexos. Da mesma forma, tem feito a Fiocruz, grupos de pesquisa da Ufba e outras universidades, a Embrapa, entre outros institutos, que cresceram frente à necessidade da sociedade por soluções para tantos novos desafios a que temos sido apresentados.

A tecnologia - ou seja, o conhecimento técnico e científico aplicado a um campo particular – não deve ser confundida apenas com as Tecnologias da Informação e do Conhecimento (TIC). Ainda que estas sejam a principal mola propulsora na atualidade, outros campos, como a biotecnologia, as engenharias, a física e as ciências agrárias, são também fonte de potencial transformador.

Desenvolver novos produtos físicos ou digitais, equipamentos, ou prestar serviços utilizando-se de tecnologias diferenciadas é um caminho fértil para a agregação de valor e, por conseguinte, a geração de riquezas, empregos qualificados e o desenvolvimento sustentável.

Startups têm sido um dos atores importantes neste processo de transformação do mundo. Para elas, a riqueza cultural e artística soteropolitana pode ser um grande combustível criativo. Se associadas ao conhecimento acadêmico, novas empresas podem gerar ainda maior impacto. Adicionalmente, a região possui corporações de grande porte, inseridas em cadeias globais de valor, que podem alavancar nossos negócios nascentes para futuros promissores, atuando como Venture Clients. Setores como a química, petroquímica, energias renováveis, mineração, papel e celulose, construção civil, turismo, saúde, indústria criativa, entre outros, possuem fortes atores locais e podem caminhar conjuntamente com este movimento.

Aspectos naturais - como a beleza da Baia de Todos os Santos -, a qualidade de vida local, a diversidade cultural e aspectos logísticos podem atrair e reter ainda mais talentos. Porém é fundamental a adoção de políticas que invistam na formação compatível dos nossos jovens.

A depreciação do Real oferece vantagens temporárias para a prestação de serviços internacionais. Outras lacunas ainda precisam ser superadas para que este futuro seja duradouro.

Se, no passado, diante da falta de oportunidades, fomos exportadores de talentos e de empresas para outros estados e países, hoje, a virtualização das relações profissionais e a ampliação da busca por novas tecnologias pode nos permitir transformar a primeira capital do Brasil em uma importante cidade exportadora de tecnologias.

 Flavio Marinho - Gerente executivo do Senai Cimatec, doutor em Modelagem Computacional e Tecnologias Industriais.

Artigo publicado na edição especial do Jornal Correio comemorativa do Aniversário de Salvador

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