19/09/2024 14h55
Foto: Ilustrativa
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou nesta quarta-feira, 18, por meio de nota, ter recebido “com total indignação” a decisão de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa de juros Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano. Na avaliação da entidade, o nível da Selic antes da reunião desta quarta-feira “era mais do que suficiente para manter a inflação sob controle” e a decisão vai prejudicar a criação de emprego e renda para a população.
“É emblemático que no mesmo dia em que os Estados Unidos decidem baixar a taxa básica após meses, o Brasil resolva o contrário, elevar a Selic. Torna a nossa diferença de juros reais ainda mais grave e cria condições desfavoráveis ao investimento no país. Até que ponto a especulação do mercado futuro de juros influencia as narrativas da expectativa de inflação futura?”, questiona o presidente da CNI, Ricardo Alban.
A CNI destaca que a elevação da Selic mantém o Brasil em 3º lugar entre as maiores taxas de juros do mundo, atrás apenas da Turquia e Rússia. “Juntamente com o nosso problema de elevado spread bancário – também o 3º maior do mundo -, esse fator empurra o País para fora da disputa mundial pela produção”, diz a nota.
A entidade pontua ainda que a alta na taxa de juros “joga contra” a recuperação da indústria de transformação e do investimento. “Por tudo isso, fica claro que subir a Selic foi uma decisão totalmente equivocada do BCB. Nesse contexto, é fundamental que o BCB retome os cortes na taxa de juros o quanto antes. Apenas com um ambiente de menor custo de financiamento é que as empresas conseguirão viabilizar projetos de investimento que são essenciais para o aumento da produtividade e da capacidade produtiva, com ganhos para o crescimento da economia”, conclui Alban.
“Injustificada”
Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) avalia que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa de juros de 10,50% para 10,75% ao ano como “injustificada” e contrária à recuperação econômica do país. Em nota, a entidade diz que a consequência será frear o já tímido crescimento deste ano e agravar os problemas enfrentados pelo setor produtivo nacional.
No comunicado, a Fieb Importante destacar que a taxa de juros básica no Brasil é uma das maiores do mundo em termos reais (descontada a inflação). A elevação para 10,75% a.a. aumenta ainda mais a taxa real, alcançando patamar superior a 6,5% a.a. Esse movimento não encontra respaldo nas tendências de inflação, tanto no cenário interno quanto no cenário mundial.
“Em agosto, o IPCA registrou deflação de 0,02%, acumulando em 12 meses alta de 4,24%, abaixo do teto da meta de inflação de 4,50% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Esses números mostram uma inflação sob controle e em trajetória comportada. Ademais, o movimento atual no mundo é de redução de juros, como fez hoje o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos), que reduziu a taxa em 0,5 ponto percentual, alcançando o menor patamar desde março de 2023”, diz a nota.
A Fieb afirma ainda que o aperto monetário, com a elevação dos juros, afeta toda a atividade econômica, inibindo investimentos e a geração de emprego e renda. “A política monetária deveria priorizar o crescimento econômico, considerando que o país precisa crescer para reduzir os graves problemas sociais”.