Utilizamos cookies de terceiros para fins analíticos e para lhe mostrar publicidade personalizada com base num perfil elaborado a partir dos seus hábitos de navegação. Pode obter mais informação e configurar suas preferências AQUI.

Sustentabilidade

Começa na China a COP15 sobre a biodiversidade

Esta conferência, organizada pela ONU, aborda questões cruciais para o futuro do planeta

11/10/2021 08h02

Foto: Divulgação

A grande conferência sobre a biodiversidade do planeta, COP15, começa nesta segunda-feira (11), na China, com o objetivo de preservar a natureza da mudança climática e da ação humana, depois de uma década perdida a nível mundial.

A 15ª Conferência das Partes (COP) da Convenção sobre a Biodiversidade (CDB) das Nações Unidas acontecerá de forma virtual até sexta-feira, 15 de outubro, após vários adiamentos provocados pela pandemia de coronavírus, meses antes das negociações presenciais que acontecerão em Kunming, sudoeste da China, de 25 de abril a 8 de maio de 2022.

A COP15 serve de preâmbulo para a COP26 de Glasgow (Escócia), em novembro, onde a natureza também terá um espaço importante na luta contra a mudança climática.

A abertura da COP15 será “uma fase basicamente protocolar”, declarou Basile van Havre (um dos copresidentes das negociações). Servirá para oficializar a passagem de bastão entre a COP14, no Egito, e a da China.

– A Convenção sobre a Biodiversidade –

A Convenção sobre a Biodiversidade (CDB) nasceu na Cúpula da Terra do Rio de Janeiro em 1992, onde também foram aprovadas a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) e a Convenção das Nações Unidas para o combate à desertificação.

O tratado internacional tem três objetivos: “a conservação da biodiversidade”, “o uso sustentável da biodiversidade” e “a participação justa e equitativa dos benefícios resultantes da utilização dos recursos genéticos”, um tema particularmente importante nos países do Sul.

Foi ratificado por 195 países e pela União Europeia, mas não tem a assinatura dos Estados Unidos nem do Vaticano.

A Conferência das Partes (COP) da CDB reúne os Estados signatários a cada dois anos para negociar medidas políticas.

– Proteger a natureza –

“A biodiversidade está declinando a uma taxa sem precedentes na história humana”, com “um milhão de espécies de animais e plantas em risco de extinção” iminente, recorda a secretária executiva da CBD, Elizabeth Maruma Mrema.

As principais causas do colapso da biodiversidade são de origem humana: mudanças no uso da terra, superexploração de espécies, mudança climática, poluição, espécies exóticas invasoras. “Nós, seres humanos, somos um problema para a biodiversidade”, insiste Elizabeth Maruma.

E a natureza fornece ar, água limpa, alimentos, remédios e matérias-primas para muitas indústrias.

Uma zoonose como a covid-19, doença transmitida de animais para humanos, foi “uma advertência brutal de que nossa relação com a natureza tem que mudar drasticamente, caso contrário virão outras pandemias”, alertou a secretária-executiva da CBD.

– COP15 é essencial –

Em Aichi, Japão, em 2010, os Estados estabeleceram 20 metas para 2020 para salvar a biodiversidade e reduzir a pressão humana.

Até o momento, nenhum desses pontos foi totalmente atendido e, portanto, a degradação dos ecossistemas continua a ameaçar nossas condições de vida.

As negociações em curso devem inverter a tendência e atingir um quadro que permita, até 2050 (com vários objetivos previstos para 2030), “viver em harmonia com a natureza”.

– O papel da China –

“Um dos principais resultados esperados (da COP de outubro) é que a China assuma a liderança mundial” e terá um papel “facilitador” nas negociações, segundo Elizabeth Maruma.

A “missão de Pequim é levar a proteção da biodiversidade ao mesmo nível que a do clima, uma tarefa que até agora não estava ao alcance”, diz Li Shuo, do Greenpeace.

– Serventia da COP15 –

O texto a ser discutido inclui 21 ações até 2030: a conservação efetiva de pelo menos 30% das terras emergidas e marítimas, e “a redução de pelo menos metade dos nutrientes (fertilizantes) liberados no meio ambiente, e de dois terços de pesticidas, no mínimo, bem como a eliminação de todos os resíduos de plástico”.

Trata-se também de reduzir os subsídios prejudiciais ao meio ambiente em “pelo menos US $ 500 bilhões por ano”.

Os especialistas insistem na necessidade de criar mecanismos de financiamento e de acompanhamento efetivo das medidas adotadas, a fim de evitar que se tornem letra morta, como tem acontecido.

– Ligações com a COP26 –

Depois de anos trabalhando em silêncio, as vozes que clamam por uma reaproximação entre as duas convenções da ONU, as convenções do clima e da biodiversidade, estão se multiplicando.

“São duas crises mescladas que precisam ser resolvidas juntas”, insiste Elizabeth Maruma.

Ecossistemas saudáveis, como florestas e oceanos, armazenam melhor o carbono. E limitar o aquecimento global reduz o risco de desaparecimento de espécies.

Fonte: AFP