12/02/2025 13h55
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Em 2024, o comércio marítimo a granel ultrapassou 5,6 bilhões de toneladas movimentadas pela primeira vez, marcando um recorde no setor. De acordo com dados de fluxo comercial, cada trimestre do ano passado atingiu recordes, com crescimento médio de 4,2% em comparação a 2023. O maior aumento anual foi registrado no quarto trimestre, com um aumento de 5,2%. No total, mais de 154.000 rotas de carga foram realizadas, o que representa um crescimento de 2% em relação ao ano anterior, informou a AXSMarine.
A frota ativa de graneleiros atingiu 17.500 navios, com crescimento anual de 3,1%. Na última década, os volumes transportados aumentaram 26,3%, enquanto o número de rotas cresceu 9,2%, refletindo maior eficiência no setor.
Desempenho por tipo de carga
O minério de ferro, principal produto a granel movimentado, atingiu 1,68 bilhão de toneladas em 2024, um aumento de 3,9% em relação ao ano anterior. A Austrália continuou sendo o maior exportador, com 928 milhões de toneladas, seguida pelo Brasil, com 384 milhões, registrando um crescimento de 8,5%. O Canadá ultrapassou 60 milhões de toneladas pela primeira vez, enquanto a África do Sul e a Índia mantiveram seus volumes de exportação em níveis semelhantes aos de 2023. A Ucrânia retomou seus embarques após a interrupção em 2023, atingindo 14,4 milhões de toneladas, o equivalente a 56% de seus volumes pré-invasão russa.
O mercado de carvão térmico ultrapassou novamente 1 bilhão de toneladas, um aumento de 1,3%. Indonésia e Austrália aumentaram seus embarques em 5,9% e 3,2% respectivamente, com a Indonésia atingindo um recorde de 510 milhões de toneladas. No entanto, as exportações russas caíram 17,4% e as da África do Sul, 3,1%.
As remessas de carvão coqueificável cresceram 5,5%, com a Austrália exportando 160 milhões de toneladas (+4,8%), enquanto a Rússia viu um declínio de 2,9%. Os Estados Unidos aumentaram suas exportações em 16,7%, chegando a 44,3 milhões, e o Canadá adicionou 30,4 milhões ao mercado.
No setor agrícola, a oferta de soja aumentou 2,3%, com o Brasil ultrapassando 100 milhões de toneladas pela primeira vez (+3,9%). Em contraste, as exportações dos EUA caíram 7,9%, para menos de US$ 40 milhões. A Argentina, por sua vez, exportou 5 milhões de toneladas, recuperando-se de um 2023 com baixos níveis de produção.
Outros grãos, como trigo e milho, registraram crescimento de 2,2%. Os EUA lideraram as exportações com 71 milhões de toneladas, um aumento de 28,6% em relação ao ano anterior. A Argentina aumentou seus embarques em 41,5%, totalizando 43 milhões de toneladas, enquanto a Ucrânia exportou 37 milhões de toneladas, um aumento de 43,9%. No entanto, o Brasil viu seus embarques caírem 17%, e a Austrália registrou seu menor nível em quatro anos, com queda de 31,2%.
A bauxita foi a matéria-prima que mais cresceu em 2024, com alta de 12,4%, para 198 milhões de toneladas. A Guiné exportou 139 milhões, a Austrália 44,8 milhões de toneladas (+18,1%) e o Brasil 5 milhões (+7,6%). O minério de níquel teve seus volumes reduzidos, embora a Indonésia e as Filipinas tenham aumentado suas exportações em 12% e 5%, respectivamente.
Demanda de importação
A China desembarcou quase 2,3 bilhões de toneladas de carga a granel em 2024, respondendo por 41% do comércio total. As importações de minério de ferro atingiram 1,25 bilhão de toneladas (+4,1%). Enquanto isso, o Japão reduziu sua demanda em 3,5%, e a Coreia do Sul a aumentou em 4%.
No mercado de carvão térmico, a China importou 370 milhões de toneladas, registrando um aumento de 12,3%. O Japão aumentou sua demanda em 3,6%, enquanto a Índia e a Coreia do Sul reduziram suas importações em 4,9% e 9%, respectivamente.
As importações de carvão metalúrgico da China cresceram 24,3%, para 50 milhões de toneladas. A Índia também aumentou sua demanda em 8,2%, com mais de 72 milhões de toneladas descarregadas, enquanto o Japão reduziu suas compras em 11,5%. No setor de soja , a China importou 104 milhões de toneladas, o que representa 68,6% do mercado global. A Europa também viu um aumento na demanda, com aumentos de 2% na Espanha e 8,6% na Holanda. A Türkiye registrou um crescimento de 26,8%.
As importações chinesas de bauxita ultrapassaram 168 milhões de toneladas (+12%). Os Emirados Árabes Unidos e a Índia aumentaram suas compras em 5,3% e 20,3%, respectivamente.
A Indonésia aumentou significativamente suas importações de minério de níquel, atingindo 7,7 milhões de toneladas (+1.357%), classificando-se como o segundo maior importador, atrás da China, que reduziu suas compras em 11,3%, embora tenha mantido uma participação de mercado de 77%.
Utilização da frota de graneleiros
A utilização da frota de graneleiros aumentou em quase todos os segmentos em 2024. Os navios Panamax de 68.000 a 85.000 dwt tiveram bom desempenho, movimentando mais de 1 bilhão de toneladas, um aumento de 9,3%. Os navios capesize, com capacidades variando de 120.000 a 220.000 dwt, transportaram mais de 1,5 bilhão de toneladas, um aumento de 2,8%, impulsionado pelos embarques de minério de ferro.
Os navios Handysize e Handymax aumentaram seus volumes em 4%, transportando 30 milhões de toneladas a mais do que em 2023. A frota Ultramax, com capacidades de 60.000 a 68.000 dwt, aumentou sua participação em 5,3%, impulsionada por embarques de aço e minério de ferro.
Em contraste, Baby Capes foi a única categoria a registrar queda na utilização, queda de 2,7%, transportando 94,1 milhões de toneladas. Por sua vez, os VLOCs (Very Large Ore Carriers), com mais de 220.000 dwt, aumentaram sua atividade em 2,9%, ultrapassando 345 milhões de toneladas transportadas.
Fonte: Mundo Marítimo