24/06/2023 10h16
Foto: Divulgação
Ingressar no mercado de trabalho tem sido desafiador, principalmente para o público mais velho. E se uma mudança na pirâmide etária do país favorecesse a abertura de espaço para aqueles com 50 anos ou mais? Segundo o consultor de carreiras, Fábio Rocha, isso já é uma realidade.
Durante participação no Podcast do Portal M!, o diretor executivo da Damicos, empresa especializada em gestão de mercado, falou sobre a mudança no perfil profissional e deu dicas para aqueles trabalhadores mais experientes que querem se reinserir no mercado de trabalho.
Segundo o consultor de carreiras, a pirâmide etária se modificou, não apenas no Brasil, como no mundo, o que ele credita a diversos fatores, mas destaca dois como fundamentais: o aumento da expectativa de vida e a redução na quantidade de filhos.
"Todos esses fatores somados à medicina, tecnologia, qualidade de vida, a turma do crossfit, meditação... Coisas que, na verdade, não existiam nas gerações anteriores. Tudo isso e mais um pouco explica essa mudança dessa realidade da sociedade, do mercado de trabalho e das organizações", explicou Fábio Rocha, acrescentando que o novo cenário modificou também aqueles que estão aptos a trabalhar.
Para o especialista, diante da grande quantidade de pessoas disponíveis com 50 anos ou mais, a diversidade geracional é uma questão impositiva. Além disso, as pessoas estão chegando ao chamado grupo 50+ com cada vez mais saúde, o que significa que não faz sentido retirar essas pessoas tão cedo das suas atribuições. Os números comprovam a tese.
Segundo a pesquisa apresentada em 2022 e realizada pelo Núcleo Data8, da consultoria Hype 50+, 39% dos brasileiros 50+ dizem que são a única fonte de renda de sua casa, e 73% dos brasileiros dessa faixa etária afirmam que vivem do próprio sustento, sem depender de filhos e/ou netos.
No quesito desemprego, o grupo mais experiente também tem apresentado vantagem. Segundo o estudo Mercado de Trabalho 50+, baseado na nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente ao segundo trimestre de 2022, o desemprego entre pessoas com mais de 50 anos é menor que a média geral.
Enquanto o índice era de 5,2% entre as pessoas com mais de 50 anos, a população total registrava 9,3%. A pesquisa realizada pelo Instituto de Longevidade MAG indica que, dos mais de 108 milhões de trabalhadores brasileiros, cerca de 23,5 milhões têm 50 anos ou mais.
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Dicas para os 50+ se reintegrarem ao mercado
Fábio Rocha destacou uma série de dicas para os profissionais 50+ que buscam a reinserção no mercado de trabalho ou até mesmo uma mudança na sua área de atuação. Primeiro, o especialista destacou as vantagens que esses trabalhadores possuem e que devem ter em mente ao buscar uma promoção ou um vaga de emprego: fidelidade, maturidade, experiência e alto potencial de liderança.
De acordo com o consultor de carreiras, o profissional mais velho tem mais experiência profissional, tendo vivenciado momentos de altos e baixos, além de crises financeiras e mudanças na moeda. Tudo isso o torna não apenas capacitado, como também mais maduro para lidar com infortúnios, o que o também lhe confere características de consistência e fidelidade.
Para Fábio, diferente das gerações mais jovens, o profissional 50+ está mais adaptado a planos a longo prazo. Tudo isso o prepara para ser um bom gestor. Assim, eles costumam ocupar cargos de liderança, o que garante também uma remuneração superior.
Destacando esses pontos, Fábio Rocha deu sugestões ao público 50+ que busca reinserção profissional. "Primeiro, é necessário um freio de arrumação. O profissional deve reavaliar a sua história de vida e de carreira, reconstruir a sua identidade, entender o que acumulou e entender também as suas peculiaridades. Você é alguém com estabilidade financeira? Construiu um patrimônio? Tem uma necessidade ainda muito grande de trabalho para pagar boletos? Esse freio de arrumação é fundamental". A partir disso, segundo o especialista, é possível identificar melhor o tipo de oportunidade que se procura.
Outro ponto levantado pelo consultor de carreiras é que o profissional deve entender que nem todas as oportunidades devem ser necessariamente com carteira de trabalho assinada.
"Às vezes, é o caso de empreender, realizar uma atividade autônoma, se tornar um consultor, um conselheiro, criar um pequeno negócio. Tem que estar aberto para essas alternativas que geralmente aparecem a partir do freio de arrumação. Em regra geral, os 50+ tem muito mais chances de conseguir trabalho quando são pessoas jurídicas", disse Fábio.
O consultor alerta que o candidato deve ressaltar isso durante a busca por trabalho, pois determinadas empresas podem dispensá-los apenas por acharem que, por se tratar de um profissional experiente, só seria possível contratá-lo com um salário superior ao que podem pagar.
Outra dica do especialista é de se movimentar, tanto fisica quanto profissionalmente. "Se movimente, em todos os sentidos! Faça atividades físicas, box, zumba, pule de paraquedas. No sentido de mercado de trabalho, vá a eventos, mantenha seu network, se movimente, promova a sua marca e por aí vai", recomenda.
Fábio Rocha destaca que é necessário entender, sobretudo, que se trata de um recomeço. "Qualquer profissional hoje tem, no mínimo, três, quatro ciclos de carreira. Sem dúvida nenhuma, o profissional 50+ tem a oportunidade ou de dar um ajuste fino na sua carreira ou de começar um ciclo de carreira totalmente novo, sabendo que os caminhos terão peculiaridades e desafios", aponta.
Em parceria com a sua sócia, Maiza Neville, Fábio Rocha publicou, em 2022, o livro Diversidade Geracional: mutações, transformações e impactos dos 50+ nas organizações e na sociedade. A obra trata do mercado de trabalho para as pessoas a partir de 50 anos, elencando dicas para que elas possam se reinserir nos espaços profissionais. Para saber sobre o livro, clique aqui.
Fonte: Muita Informação