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Sustentabilidade

Comunidade internacional analisa relatório sobre o clima

A avaliação acontece após as chuvas devastadoras na China e na Alemanha, além das temperaturas sufocantes no Canadá

26/07/2021 10h38

Foto: Divulgação

Nesta segunda-feira (26), 195 países começaram a examinar as novas previsões dos especialistas sobre o clima da ONU, um relatório de referência “crucial para o sucesso” da conferência sobre o tema, a COP26, em novembro.

Sete anos depois do último relatório dos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a atual avaliação será divulgada após as chuvas devastadoras na China e na Alemanha, além das temperaturas sufocantes no Canadá.

“As últimas seis semanas nos apresentaram uma série de acontecimentos devastadores, calor, inundações, incêndios, secas e mais (…) Há vários anos alertamos que era possível, que tudo isto aconteceria”, afirmou a secretária executiva da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Patricia Espinosa.

Para Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), “o relatório que vão concluir será muito importante no mundo inteiro (…) Este informe de avaliação é crucial para o êxito da conferência sobre o clima de Glasgow (Escócia), em novembro”.

A menos de 100 dias da COP26, Espinosa alertou que não estamos “no caminho certo para respeitar a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a +1,5ºC até o final do século”. “Na verdade, estamos no caminho oposto, caminhamos para mais de +3ºC. Temos que mudar de rumo com urgência, antes que seja tarde demais”, insistiu.

Interesse passageiro

Apesar das imagens chocantes dos desastres naturais, alguns temem que esse interesse pelo clima seja apenas passageiro e que a cúpula de novembro não termine em acordos significativos.

“Neste momento, todos estão falando sobre uma emergência climática e com bons motivos. Mas, quando essas tragédias acabarem, provavelmente iremos esquecer novamente e continuar como antes”, lamentou a ativista Greta Thunberg, que mobilizou milhões de jovens nos últimos anos por uma redução drástica nas emissões de gases de efeito estufa por parte dos governos.

O relatório do IPCC, que deve ser publicado em 9 de agosto e cujas conclusões para os líderes políticos serão cuidadosamente negociadas ao longo de duas semanas, deve atualizar sua avaliação e suas previsões climáticas sobre o aumento das temperaturas, níveis do oceano, intensificação de eventos extremos, entre outros tópicos.

Além disso, outras duas partes serão publicadas no início de 2022, incluindo uma que mostra como a Terra mudará em 30 anos, ou mesmo antes, e da qual a AFP obteve uma versão preliminar.

Com a assinatura do Acordo de Paris em 2015, quase todos os países do planeta se comprometeram a reduzir suas emissões de CO2 para limitar o aquecimento global “bem abaixo” de +2ºC em comparação com a era pré-industrial e, se possível, +1,5°C.

Essa meta de +1,5ºC se tornou uma prioridade para muitos ativistas e autoridades políticas, especialmente quando o planeta ganhou aproximadamente 1,1°C desde a Revolução Industrial. Cada décimo adicional conta, porque traz fenômenos extremos.

Mas isso pode ser alcançado? Essa é uma das perguntas que o relatório do IPCC terá de responder, com base em milhares de estudos científicos.

Alguns duvidam de que seja possível. Outros, na tentativa de evitar o desânimo, dizem que não é impossível.

“Limitar o aquecimento a +1,5ºC ainda é física, técnica e economicamente possível. Mas não por muito tempo, se continuarmos a agir pouco e tarde”, estima Kaisa Kosonen, da ONG Greenpeace.

“O IPCC nos disse qual deve ser a ambição: que cada país do mundo se comprometa com a neutralidade de carbono e detalhe o plano para alcançá-la”, insistiu nesta segunda-feira a vice-diretora executiva de Meio Ambiente das Nações Unidas, Joyce Msuya.

Para atingir essa meta, as emissões devem ser reduzidas em 7,6%, em média, a cada ano entre 2020 e 2030, segundo a ONU. Em 2020, este registro caiu, devido à pandemia, mas a expectativa é que volte a aumentar.

Diante das poucas medidas planejadas para impulsionar a energia limpa, a Agência Internacional de Energia (AIE) prevê, inclusive, emissões recordes para 2023.

Mas, se não conseguirmos, alcançar 1,6ºC é melhor que 1,7ºC, e 1,7 ºC é melhor que 1,8ºC”, diz o climatologista Robert Vautard, um dos autores do IPCC.

Fonte: AFP