Utilizamos cookies de terceiros para fins analíticos e para lhe mostrar publicidade personalizada com base num perfil elaborado a partir dos seus hábitos de navegação. Pode obter mais informação e configurar suas preferências AQUI.

Economia

Copom: Cenário de inflação de curto prazo segue adverso

As expectativas de inflação mantiveram-se acima da meta de inflação em todos os horizontes

13/05/2025 10h09

Foto: Ilustrativa

O Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou na sua ata, divulgada nesta terça-feira (13), que o nível dos núcleos do IPCA tem se mantido acima do nível compatível com o atingimento da meta “há meses”, reforçando a interpretação de que a inflação corrente tem sido pressionada pela demanda.

“O cenário de inflação de curto prazo segue adverso”, destacou o comitê, no documento que foi publicado nesta terça-feira. Na semana passada, o colegiado elevou a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75%.

O Copom destacou que a inflação de serviços – cuja inércia é maior – continua acima do nível compatível com o cumprimento da meta de inflação, em um contexto no qual o hiato do produto é avaliado como positivo.

Enquanto isso, a depreciação do câmbio pressionou preços e margens, o que já tem se refletido em aumento nos preços no atacado e, agora, no varejo. Já os preços de alimentos permanecem elevados e devem se propagar para outros itens no médio prazo, diante dos mecanismos inerciais da economia, destacou o Copom.

Desancoragem

As expectativas de inflação, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes, mantiveram-se acima da meta de inflação em todos os horizontes, tornando o cenário de inflação mais adverso, segundo a ata do Copom, do Banco Central. O colegiado elevou a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% ao ano na quarta-feira da semana passada.

“A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida”, enfatizou o documento. De acordo com a ata, foi ressaltado na reunião que ambientes com expectativas desancoradas aumentam o custo de desinflação em termos de atividade. “O cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos.”

Na discussão sobre o tema das expectativas de inflação, a principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Comitê, conforme o parágrafo 13 da ata, foi o de que, em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma “restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”.

Consignado privado 

O Copom dedicou em sua ata um longo trecho no parágrafo em que analisa o mercado de crédito sobre o impacto da nova modalidade de empréstimo – o consignado para o setor privado – para a economia. De acordo com a autoridade monetária, ainda há muita incerteza sobre efeito total desse tipo de financiamento, mas parte de seus reflexos já foi contemplada na decisão do colegiado de elevar a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% ao ano na quarta-feira da semana passada.

A cúpula do BC explicou que incorporou em seu cenário-base “algum impacto” das alterações no consignado privado sobre o crescimento, mas majoritariamente por meio de uma elevação de renda disponível a partir da troca de dívidas. Isso, conforme o documento, tem efeito mais comedido sobre a projeção agregada.

“Ainda há muita incerteza sobre qual será o efeito total do programa, que ainda se encontra em período inicial, então o Comitê acompanhará os dados atentamente para refinar os impactos estimados sobre o mercado de crédito e sobre a atividade”, considerou.

Tal medida, conforme a diretoria do BC, não deve ser interpretada como medida cíclica e representa, possivelmente, uma alteração estrutural no mercado. “De todo modo, na condução de política monetária, tais medidas serão devidamente incorporadas para a determinação apropriada da restrição monetária necessária para a convergência da inflação à meta”, adiantou.

O colegiado voltou a dizer, no parágrafo 11, que o mercado de crédito se manteve-se pujante nos últimos trimestres em função do dinamismo do mercado de trabalho e da atividade econômica, contribuindo para o dinamismo da atividade. “Recentemente, condizente com o cenário atual de aperto de condições financeiras e elevação de prêmio de risco, o crédito bancário tem apresentado inflexão, com elevação de taxa de juros, menor apetite ao risco na oferta de crédito e redução no ritmo das concessões de crédito.”

Fonte: Estadão Conteúdo