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Economia

Copom se prepara para elevar a Selic em dois dígitos

O aumento de até 10,75% situará a Selic em um nível que não era visto desde 2017

02/02/2022 08h22

Foto: Divulgação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se prepara para elevar nesta quarta-feira (2) sua taxa básica de juros, a Selic, em 1,5 ponto percentual, a 10,75%, segundo expectativas do mercado, alcançando dois dígitos pela primeira vez em cinco anos, perante uma inflação ameaçadora e apesar de afetar o crescimento econômico.

A decisão, antecipada na reunião de dezembro, em resposta ao aumento dos preços, que alcançaram 10,06% em 2021, é aguardada como a conclusão da primeira reunião do ano do Copom, iniciada na terça-feira (1º).

Se a expectativa média de uma centena de consultorias e instituições financeiras revelada pelo BC no boletim Focus se confirmar, o aumento de até 10,75% situará a Selic em um nível que não era visto desde o segundo trimestre de 2017 (11,25%).

Trata-se, ainda, da oitava alta consecutiva deste ciclo expansionista, que as autoridades do BC têm acelerado progressivamente desde março de 2021, quando a Selic estava em 2%, um piso histórico mantido por vários meses para tentar reanimar uma economia afetada pela pandemia.

Com a continuidade de sua política, o Copom tenta alinhar a inflação às metas da autoridade monetária, apesar de sua estratégia atrapalhar o crescimento econômico em meio a uma recessão declarada no terceiro trimestre.

Em 2021, os preços no varejo tiveram a pior disparada em seis anos e, embora a expectativa seja de que a escalada se atenue em 2022, a pressão vai continuar. Atento ao curso da inflação, o BC revisou em dezembro suas projeções de 4,10% para 5,02%, cifra que supera suas metas (entre 3,5% e 5%) pelo segundo ano consecutivo.

Além disso, cortou sua expectativa de crescimento do PIB, de 2,1% para 1%, contra 4,4% estimados para 2021. A perspectiva ruim, no entanto, é superior à magra expansão de 0,30% prevista pelo mercado no último boletim Focus.

Fim do ciclo à vista

Em sua reunião anterior, o Copom considerou “apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista”, o que ficará evidente especialmente este ano, devido ao efeito prolongado do aumento das taxas.

Mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse recentemente que o ciclo de altas “está chegando a um fim”, o que alguns economistas preveem para maio.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, considera dois cenários possíveis para esta quarta-feira (2), com altas de 1,25 ponto percentual ou 1,50 p.p.

“O contexto da inflação que o Banco Central imaginava mudou muito (…) O Brasil tem uma inflação mais modesta”, que se situou em 0,73% em dezembro, afirmou Vieira, que acredita que o Banco Central “provavelmente anunciará o início do fim do processo do aperto monetário”.

AO encerrar o ciclo de altas, o mercado espera que a Selic atinja até 12%, segundo uma média das projeções de instituições econômicas.

Para este ano, os analistas preveem uma incerteza própria do processo eleitoral, além do risco fiscal pelo aumento dos gastos públicos, que não se dissipou.

O contexto econômico de indicadores deteriorados, como o da atividade industrial, inclui um mercado de trabalho em lenta recuperação, com alta informalidade e salários mais baixos, além de um novo impacto da covid-19, com novos recordes de contágios em janeiro.

Fonte: AFP