16/11/2022 08h20
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O aumento de casos de covid-19 no Brasil nas últimas semanas vem mobilizando associações médicas, que fazem um apelo para que a Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) aprove "rapidamente" as vacinas de segunda geração da covid-19, mais eficazes porque foram desenvolvidas para atacar não apenas a cepa original do coronavírus, mas também a variante ômicron, dominante no Brasil e em outros países do mundo.
Como é a vacina de 2ª geração?
As farmacêuticas Moderna e Pfizer desenvolveram as chamadas vacinas bivalentes. Ao contrário dos imunizantes utilizados no Brasil, criados a partir da cepa original, a nova opção ataca também a variante ômicron, a principal responsável pelas infecções atualmente.
As duas vacinas utilizam RNA mensageiro: em vez de usar o vírus atenuado ou inativo, essa tecnologia induz o organismo a sintetizar uma proteína que impele o sistema imunológico a combater o coronavírus.
Além disso, essas vacinas podem ser atualizadas mais rapidamente, permitindo adaptá-la às novas subvariantes da ômicron, com a BQ.1, que desembarcou no Brasil recentemente, é mais transmissível e já matou uma mulher idosa em São Paulo.
Aprovação da Anvisa se arrasta
A Moderna abriu negociações com a Anvisa para aprovação de seu imunizante ainda em março, há oito meses, enquanto a Pfizer fez o mesmo em agosto. Procurada, a agência ainda não se manifestou.
Ao jornal Folha de S. Paulo, afirmou que o processo segue em análise e "solicitou o apoio de sociedades médicas para a avaliação dos dados e emissão de parecer".
Já o Ministério da Saúde afirmou ao UOL que a "as vacinas fornecidas pelo Ministério da Saúde são as últimas versões aprovadas pela Anvisa" e que "o atual contrato com os fornecedores contempla a entrega de vacinas com cepas atualizadas, desde que aprovadas pela Anvisa". Diante da demora, a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) pediu em comunicado desta semana para a Anvisa acelerar a avaliação e aprovação da vacina atualizada. Agora, a AMB (Associação Médica Brasileira) reforçou o pedido em seu mais recente boletim: É preciso promover rapidamente a aprovação e acesso às vacinas covid-19 bivalentes de segunda geração, que estão atualmente em análise pela Anvisa.
Vacinas já são aplicadas no exterior
A vacina bivalente já é aplicada nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa. No mês passado, o Chile passou a utilizar o novo imunizante para reforço em pessoas imunossuprimidas e profissionais de saúde.
O primeiro país a adotar a vacina da Moderna foi o Reino Unido, ainda em agosto. Nos Estados Unidos, a inclusão da nova geração da vacina ao sistema de saúde foi anunciada em setembro após aprovação da FDA (agência americana reguladora de medicamentos): o imunizante da Moderna agora é aplicado em pessoas com mais de 18 anos, enquanto o da Pfizer pode ser ministrado em indivíduos acima de 12 anos.
Remédios contra a covid-19 já existem
Depois de muito tempo sem remédios indicados contra o coronavírus, alguns medicamentos já foram criados e aprovados pela Anvisa, como o antiviral molnupiravir, destinado a pacientes com quadros leves e moderados da doença. Outros seis remédios já haviam sido validados pela agência no final do ano passado.
O problema é que as drogas não chegam ao sistema público de saúde. "É essencial que medicações já aprovadas pela Anvisa para o tratamento e prevenção da covid-19 estejam disponíveis para uso no setor público e privado, medida que ainda não se concretizou após mais de seis meses da licença para esses fármacos no Brasil", afirma a AMB.
As máscaras vão voltar?
As associações também pedem ao governo que oriente a população a retomar algumas medidas de prevenção, "como uso de máscaras e distanciamento social, evitando situações de aglomeração principalmente pela população vulnerável, como idosos e imunossuprimidos", defende a AMB.
Crianças são as principais vítimas
A SBI, AMB e a FNP (Frente Nacional de Prefeitos) também pedem atenção especial do governo à vacinação infantil contra a covid. Só uma em cada 10 crianças de 3 e 4 anos recebeu a primeira dose no Brasil, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.
Isso indica que apenas 14% das crianças dessa faixa etária iniciaram a trajetória vacinal. Já a vacinação com duas doses só alcançou 4,2% das crianças dessa faixa-etária. A SBI pede para o governo federal "garantir aquisição de doses suficientes de vacina para imunizar todas as crianças de seis meses a 5 anos independente da presença de comorbidades". Já a FNP reclama da "irregularidade no envio aos municípios de imunizantes da Pfizer, indicados para aplicação em crianças com mais de seis meses e menores de três anos".
Questionado a respeito, o Ministério da Saúde afirmou em nota que iniciou na quinta-feira (10) a distribuição "de forma proporcional e igualitária" de 1 milhão de doses pediátricas contra a covid-19 "destinadas a crianças de seis meses a menores de três anos com comorbidades".
Fonte: UOL