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Editorial

Cuidados na festa para não chorar depois

Controlar a expansão do coronavírus e reduzir sua propagação dependem muito mais de nós, do nosso comportamento, do que das autoridades

24/12/2020 07h00

Festas sempre comemoradas com grandes reuniões familiares ou com grandes multidões, o Natal e o Ano-Novo de 2020 precisam ser vistos com muito cuidado, especialmente porque estamos vivendo uma segunda onda do coronavírus e o número de casos de Covid-19 não para de crescer, superlotando novamente os hospitais. Afinal, o prazer e a felicidade de encontrar amigos e parentes, abraçá-los ao redor de mesas fartas de e de muita bebida pode custar muito caro, portanto, apesar de todo o aborrecimento que isto representa, o melhor mesmo, de acordo com médicos especialistas, é não promover nem participar de tais encontros festivos.

Como se sabe que muita gente não vai resistir e pretende correr o risco, o mais prudente é redobrar os cuidados já conhecidos por todos, de modo a reduzir o perigo ao mínimo de ir a uma celebração e sair de lá contaminado pela Covid-19. Segundo os infectologistas, em casos assim, apenas um meio de proteção não é eficaz, então, não adianta usar máscara e não higienizar as mãos com frequência. Tampouco resolve tomar essas providências, mas sair abraçando, apertando mãos e se aglomerando em rodas de conversa.

Joana D'Arc Gonçalves, médica infectologista e professora de medicina do UniCeub, em Brasília, declarou: “A pessoa deve tentar restringir o risco de infecção, saindo o menos possível. Manter a máscara e retirar apenas na hora de se alimentar. Todas as estratégias são falhas, mas a soma delas ajuda, diminui o risco”. Ela também ressalta a importância de manter distância das outras pessoas e não compartilhar objetos como copos e talheres, mas também recomenda que dias antes da festa de Natal ou réveillon, caso seja possível, a pessoa faça o teste RT-PCR, que identifica a presença do vírus no organismo e confirma a Covid-19.

E a lembrança de fazer o teste de forma antecipada é justificada porque a maioria das pessoas tem transmitido o vírus sem sequer apresentar sintomas. Ou seja, estar assintomático no dia da festa não garante que a pessoa esteja sem o vírus no organismo. E, como se repetiu milhares de vezes desde que a pandemia começou, em caso de sintomas do novo coronavírus, como tosse, dor de cabeça, nariz escorrendo, dor de garganta, febre, diarreia, o melhor é evitar as festas, contribuindo desta forma para que muitas pessoas não sejam contaminadas pela irresponsabilidade de apenas uma.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) é mais radical em suas orientações, mesmo que elas não se refiram especificamente às festas de Natal e ano-novo. Em meio às recomendações e protocolos, não há meias-palavras: reuniões devem ser evitadas. “A OMS não recomenda aglomeração. E quando você fala em celebração, você fala em aglomeração. Aqui no Brasil a gente está relaxando demais e podemos ter consequências ruins”, afirma a infectologista.

Mas, enfim, caso a reunião no fim do ano seja inevitável, o ideal é que os anfitriões organizem o evento num ambiente o mais seguro possível para os convidados. A festa deve acontecer, se possível, ao ar livre, no quintal ou na varanda de casa, por exemplo. Nesses ambientes bem arejados, o vento tende a levar o vírus para longe. Outra possibilidade é um ambiente fechado, mas arejado, com portas e janelas abertas.

Portanto, o que se deduz de todos os conselhos e orientações acima é que controlar a expansão do vírus e reduzir sua propagação dependem muito mais de nós, do nosso comportamento, do que das autoridades. É fundamental que sejamos capazes de abrir mão de alguns momentos de felicidade para que possamos, mais tarde, quando a vacina tiver chegado e a pandemia controlada, festejar em paz e sem perigo com os nossos entes queridos.

É melhor a melancolia pela ausência temporária do que a tristeza maior posteriormente.