13/01/2023 13h54
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A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu mais um processo administrativo – o terceiro – para apurar as condutas relacionadas à falha contábil de R$ 20 bilhões reconhecida pela Americanas.
O processo não pode ser visualizado no site da reguladora do mercado de capitais brasileiro, o que significa que corre em sigilo. A autarquia já havia iniciado na quinta-feira (12), um processo que se refere à análise de informações contábeis. O outro se refere a notícias, fatos relevantes e comunicados.
Os procedimentos podem se transformar em processos sancionadores pela reguladora, de acordo com o desdobramento das investigações.
“Após a investigação e apuração dos atos, fatos e eventos, caso venham a ser formalmente caracterizados ilícitos e/ou infrações, cada um dos responsáveis poderá ser devidamente responsabilizado com o rigor da lei e na extensão que lhe for aplicável, sendo facultado à CVM recorrer também aos convênios e acordos de cooperação com Polícia Federal e Ministério Público Federal”, aponta a autarquia em nota.
Inconsistências contábeis
A Americanas comunicou que foram detectadas inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o de 2022. Em uma análise preliminar, a área contábil da companhia estima que os valores das inconsistências sejam da dimensão de R$ 20 bilhões na data-base de 30 de setembro de 2022.
Entre as inconsistências, a área contábil da companhia identificou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais a Americanas é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores nas demonstrações financeiras de 30 de setembro do ano passado.
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O agora ex-CEO da Americanas, Sergio Rial, disse que o problema que resultou em R$ 20 bilhões em inconsistências no balanço da empresa se arrasta por cerca de 7 a 9 anos.
Ele afirmou também que a companhia vai precisar de capital e que, para isso, os acionistas de referência já foram contactados e eles têm mostrado comprometimento com a varejista. Rial afirmou que a inconsistência no balanço se relaciona a “risco sacado que não era lançado como dívida”.
“Os R$ 20 bilhões são a melhor estimativa do que vimos em 9 dias, não chancelados por auditoria”, acrescentou o executivo.
Segundo ele, essas incongruências na maneira de reportar a “conta fornecedores” não são um problema apenas da Americanas, mas se arrastam desde os anos 90 no setor, por conta de diferentes formas de reportar essa rubrica.
Fonte: Estadão Conteúdo