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Artigo

Delivery: tendências e desafios para entregas com drones

Caio Reina

25/07/2022 06h06

Foto: Ilustrativa

Entregas com drone deixaram de ser o futuro e se tornaram realidade quando, em 2013, o CEO da Amazon, Jeff Bezos, anunciou pela primeira vez planos de realizar esse serviço para o envio mais rápido dos produtos. Contudo, ainda existem grandes desafios para viabilizar a utilização desse novo modal em larga escala.

Em termos econômicos, a eficiência de entregas é direcionada por dois principais fatores: densidade das rotas e tamanho dos pedidos. A densidade de rota é o número de entregas que são realizadas em um determinado roteiro e o tamanho do pedido é a quantidade e as dimensões de cada caixa ou pacote da entrega.

Na logística de distribuição, ao se realizar uma grande quantidade de entregas em um curto período de tempo ou distância, o custo por entrega é diluído e a operação se torna mais eficiente. É nesse sentido que as entregas com drone são mais viáveis em percursos de curta distância em relação aos veículos tradicionais. Contudo, esse novo modelo tem limitações importantes que devem ser consideradas nos estudos de viabilidade.

Os tipos de drones disponíveis no mercado, usualmente, conseguem carregar apenas uma caixa e, depois que a entrega é realizada, o drone tem que voltar para o seu ponto de origem para que seja recarregado e retire a próxima caixa a ser entregue.

Comparando esses fatos com o estado de entregas com caminhões, um Veículo Urbano de Carga (VUC) entrega em média 50 pedidos por dia, em áreas com entregas bem densas. Dessa forma, pode até ser difícil imaginar como os drones podem ser uma melhor opção. Mesmo assim, os drones também têm vantagens: podem ser operados sem um piloto humano; utilizam o espaço aéreo que não está congestionado; são mais rápidos do que caminhões e o índice custo/km é muito menor que o dos caminhões.

Portanto, diferentes modelos operacionais podem ser criados para diferentes aplicações. Uma primeira ideia que está nos planos da Amazon é simplesmente substituir o caminhão pelo drone, ou seja, o drone sairia do depósito, entregaria um pedido na casa de um cliente e retornaria ao depósito. A empresa afirmou recentemente que pretende iniciar ainda em 2022 suas primeiras entregas com drones nos Estados Unidos.

Uma outra empresa chamada Matternet está adotando uma proposta diferente da Amazon que visualiza drones realizando entregas no jardim da casa de uma pessoa. Essa é uma abordagem interessante para áreas rurais ou suburbanas. Contudo, fazer isso em um grande centro urbano, no qual os clientes não têm uma área apropriada para receber as entregas, pode não ser viável.

A proposta da Matternet é criar estações ao redor da cidade, onde as pessoas possam entregar e receber pedidos, como uma caixa de correio para drones. O remetente insere uma caixa em um guarda-volumes da estação e, em seguida, um drone retira esse pedido para levá-lo a uma outra estação da cidade. Ao chegar à estação de destino, o drone deixa o pedido no guarda-volumes para que o destinatário retire sua encomenda.

Uma aplicação interessante que a Matternet visualiza é o transporte de amostras de exames – como bolsas de sangue – entre hospitais. Esse é um mercado com grande potencial, pois amostras de exames são perecíveis e precisam ser transportadas em um tempo bastante restrito. Além disso, os hospitais têm gastos muito elevados fazendo esse tipo de movimentação com transportadoras e ficam reféns das condições de tráfego na cidade.

Por fim, um outro modelo operacional bastante promissor é aquele que combina as vantagens dos caminhões com os drones. Mais especificamente, um caminhão pode partir do depósito transportando todos os pedidos dos clientes e um drone. À medida que o caminhão faz entregas, o drone é enviado a partir do caminhão para entregar o pedido de um cliente que esteja próximo. Enquanto o drone está em serviço, o caminhão continua sua rota e, depois o drone retorna ao caminhão assim que terminar o serviço em um local diferente do seu ponto inicial de partida.

A tecnologia para entregas com drones já está presente em nossa realidade e muitos modelos de entregas já foram propostos. A JD.com, segunda maior empresa chinesa que atua no mercado de comércio eletrônico (após o Alibaba), já utiliza drones em algumas operações em áreas montanhosas ou remotas.

No Brasil, o uso dessa tecnologia depende do avanço das regulamentações e da legislação para que seja implantado. Com isso, poderemos testar outros modelos de otimização de rotas, reduzir ainda mais os custos e continuar implementando iniciativas que incentivem o progresso do setor.

Caio Reina é CEO e fundador da RoutEasy. Possui mestrado em Logística e Engenharia de Transportes pela Poli US

Publicado em MundoLogistica

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