09/04/2020 16h31
Foto: Poder 360
No momento em que enfrentamos a ameaça de uma doença nova e potencialmente letal, nunca foi tão importante e necessário preocupar-se e ocupar-se com os outros. Com os nossos “velhos” e os “velhos” dos outros, com os nossos doentes e os doentes dos outros, com os nossos filhos e os filhos dos outros. Nunca foi tão importante e necessário assumir responsabilidades com a nossa comunidade.
Mais do que nos indignarmos ou repudiarmos medidas como a redução salarial, do setor privado ou do setor público, precisamos mostrar à sociedade que é falsa a ideia de que não há dinheiro. Há muito dinheiro esterilizado na especulação e no rentismo; muito dinheiro nas mãos de um punhado de bilionários; muito dinheiro com grandes sonegadores e grandes corporações.
É preciso taxar quem acumula tanto dinheiro. É preciso tributar de verdade os ricos de verdade, os ricos sem aspas; e não os falsos “ricos”, não os “ricos” que assim se pretendem porque recebem um bom salário ou porque têm um carro do ano na garagem.
Quem depende de salário, por melhor que seja, não é rico. Tampouco é rico quem precisa de aposentadoria ao fim da vida laboral.
É angustiante ver alguns servidores públicos se compadecendo dos ricos, quando chamados a contribuir com a sociedade. É ainda mais angustiante ver esses mesmos compadecidos dos ricos, ignorando o sofrimento dos pobres.
O Brasil passa por um momento de extrema dificuldade, mas há solução, e essa solução não está no corte de salários, na suspensão de contrato de trabalho, no cancelamento ou redução de programas sociais. Não!
A solução está na tributação progressiva dos ricos. Não por ressentimento, inveja ou vingança. É preciso tributar mais os ricos, por uma questão de inteligência, de eficiência econômica e, principalmente, de justiça.
Afinal, cada um dá o que tem!
Charles Alcantara é auditor Fiscal de Receitas do Estado do Pará e presidente da Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital). Graduado em administração e ciências contábeis e especialista em ontologia da linguagem e formado como coach ontológico sênior (Sevilha/Espanha). Exerceu o cargo de chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Pará e foi presidente do Sindifisco-PA.
Publicado no Poder 360