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Entrevista

“Economia circular é parte intrínseca do nosso negócio”

A diretora-executiva na JBS Novos Negócios, Susana Martins Carvalho, fala sobre a estratégia de sustentabilidade da companhia

21/09/2022 18h00

Foto: Divulgação

Segundo dados do Mapa Estratégico da Indústria (2018-2022), feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a economia circular é fundamental para o uso eficiente dos resíduos e contribui para o desenvolvimento sustentável das companhias.

Em outro levantamento, feito pela confederação em 2019, 76% das empresas brasileiras desenvolvem algumas práticas ambientais, como reuso de água, reciclagem de materiais e logística reversa.

O conceito de economia circular baseia-se na adoção de um novo olhar sobre a forma de produzir e comercializar produtos. O objetivo é alcançar a produção e o consumo responsáveis por meio do prolongamento da vida útil dos resíduos de matéria-prima fabricada pela indústria, seja por meio de reciclagem, reutilização, transformação ou reparação.

Diante desse cenário, a JBS já vem desenvolvendo várias iniciativas de economia circular há mais de 20 anos. Entre as ações, a empresa anunciou recentemente o seu ingresso no segmento de fertilizantes orgânicos, com a inauguração da Campo Forte, que reaproveita resíduos gerados pelas operações da companhia.

Na entrevista a seguir, a diretora-executiva na JBS Novos Negócios, Susana Martins Carvalho, fala sobre a estratégia de sustentabilidade da companhia e como essa e outras iniciativas impactam positivamente os negócios e o meio ambiente.

Como o conceito de economia circular se insere na estratégia da JBS?

A economia circular é um modelo de produção fundamental para endereçar a preocupação da sociedade com a preservação do meio ambiente e os desafios ligados às mudanças climáticas. Nesse sistema, os resíduos das operações são utilizados como matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Na JBS, a operação funciona assim: os resíduos das operações e das atividades das plantas da companhia são tratados, reciclados e transformados em novos produtos. O conceito de economia circular, portanto, não é apenas reciclagem, é uma economia regenerativa e restaurativa.
Quais são as iniciativas que já foram desenvolvidas na companhia alinhadas a essa prática?

Existem inúmeras iniciativas importantes feitas pela JBS dentro do conceito de economia circular. Temos como premissa dar um destino adequado e sustentável, gerar valor aos resíduos do processamento da proteína animal, como o sebo e a pele.

Nós produzimos biodiesel feito com resíduos das nossas operações e temos o programa Óleo Amigo, que coleta óleo de fritura de estabelecimentos em mais de 40 cidades brasileiras – ao todo, já foram recolhidos em torno de 13 milhões de litros. Hoje, lideramos a produção de biodiesel feita a partir de sebo bovino no mundo.

Também produzimos fertilizantes orgânicos fabricados com os resíduos oriundos das operações da companhia. Mais uma vez, o que seria resíduo recebe valor agregado e se torna um novo produto na economia circular.

Por fim, também desenvolvemos o Piso Verde. Essa tecnologia consiste em utilizar as sobras das embalagens multicamadas – material que inicialmente ia para um aterro – e transformá-las em um piso com as mesmas características do concreto e que atende às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A JBS promove a geração de energia com biomassa? E couro sustentável?

Por meio da biomassa, a unidade Biolins da JBS gera uma energia equivalente a 20% da total que é utilizada por todas as unidades da empresa no Brasil. Além disso, faz a reutilização de 121,7 mil toneladas de resíduos para a geração de energia nas operações globais. Sobre o couro, desenvolvemos um produto sustentável que garante o melhor aproveitamento do material, o kind leather, e que possibilita o uso das sobras nas indústrias de couro verde, beleza, alimentação, saúde e farmacêutica.

A JBS Novos Negócios lançou a Campo Forte, que produz fertilizantes orgânicos a partir de resíduos gerados pela companhia. Por que é importante investir nessa operação?

Ao usar o resíduo orgânico gerado pelas operações da JBS como matéria-prima, a nova empresa garante uma destinação correta e menor impacto ambiental. A fábrica da Campo Forte reforça o propósito sustentável da JBS, gerando um produto com valor agregado, a partir de um processo industrial altamente tecnológico e sustentável.

Como é o processo de produção?

A nova fábrica, que tem capacidade para produzir 150 mil toneladas de produtos por ano, produz uma linha completa de fertilizantes orgânicos, organominerais e especiais, a partir do aproveitamento de resíduos orgânicos e matérias-primas minerais.

A quem se destina essa produção?

A operação atende tanto empresas (B2B) como os consumidores finais (B2C). Ao produtor agropecuário, a Campo Forte entregará uma linha de fertilizantes mais sustentáveis, com uma pegada de carbono menor, que promove aumento de produtividade, potencializa os nutrientes e reduz perdas, com menor impacto ao meio ambiente. Inicialmente, a empresa prioriza os esforços de venda para as culturas de soja, milho, café, cana-de-açúcar, hortifrúti, além de pastagens e florestas.

Qual a vantagem de investir na produção de fertilizantes?

Esse é um mercado com grande potencial de crescimento, pois, atualmente, 85% dos fertilizantes consumidos no Brasil são importados. Isso traz uma grande oportunidade para a expansão da empresa. É assim que enxergamos nossa estratégia de negócios, na qual a sustentabilidade não é mais apenas parte dela, mas sim a própria estratégia.