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Transporte Aquaviário

Em Salvador, seminário reafirma importância da cabotagem

Os palestrantes do IX Seminário de Logística do Tecon consideram que o modal precisa ser estimulado e apoiado

18/11/2020 15h08

Fotos: MF

A importância da cabotagem (transporte aquaviário entre dois portos localizados dentro do mesmo país) é um modal muito importante para o Brasil, tanto em razão da extensão do litoral brasileiro como pelo de ser uma alternativa que atende aos demais modais de modo geral. A conclusão foi consensual entre os participantes do IX Seminário de Logística do Tecon, ao considerar que a cabotagem precisa ser estimulada e apoiada no país e que deve ser encarada como uma grande oportunidade, inclusive para a integração multimodal. O evento foi realizado na terça-feira (17) pelo Tecon Salvador, unidade de negócios da Wilson Sons, com apoio da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac) e da Fundação Dom Cabral (FDC).

No evento, que foi realizado por videoconferência e está disponível no canal Youtube da Wilson Sons, Paulo Resende, diretor do Núcleo de Logística Supply Chain e Infraestrutura da Fundação Dom Cabral, que apresentou  estudos sobre o modal e perspectiva, concorda que a cabotagem se apresenta como uma grande oportunidade, mas adverte que não deve ser visto como o modal prioritário, explicando: “Querer que tudo seja transportado por cabotagem poderá levar a cometer o mesmo erro histórico de que um modal deve substituir o outro”. Ele falou da integração logística e de multimodalidade como fatores que se complementam e não de rivalidade, destacando a flexibilidade na cabotagem pela sua diversificação.

Paulo Resende chamou a atenção para estudos da FDC, que apontam para que, se até 2035 houver 45% de participação rodoviária na matriz de transporte do Brasil, 36% de participação ferroviária e de 10 a 12% na cabotagem, tal fato poderá reduzir a emissão de gases do efeito estufa em quantidade equivalente à que a Região Metropolitana de São Paulo produz em um ano. E, além do mais, como destacou, o modal é essencial em países de dimensões continentais, que precisam cobrir a evolução das suas cadeias de suprimentos.

Investimentos

Guilherme Dutra, gerente comercial do Tecon Salvador, destacou que desde 2012, quando foi criada a célula de cabotagem no terminal, têm sido realizados investimentos maciços na cadeia de suprimentos do modal. E citou como exemplos a ampliação da infraestrutura, a aquisição de equipamentos modernos, a implantação da Via Expressa Baia de Todos os Santos, além da renovação da frota de navios da Aliança, da Login e, recentemente, a implantação da Mercosul Line. Dentre as cargas movimentadas por cabotagem no Tecon Salvador, Guilherme citou pneus, automotivos, bebidas, material de higiene e limpeza, e equipamentos para geração de usina eólica, pás e geradores.

E fez questão de destacar: “A cabotagem é importante e participa cada vez mais do segmento logístico e da cadeia de suprimentos de forma geral. O dogma de que a celeridade e a urgência não casam com a cabotagem foi desfeita ao longo dos anos. Antigamente, levava-se de três a cinco dias para que a carga fosse liberada para o dono. Hoje, com os aperfeiçoamentos dos sistemas operacionais é possível que a carga seja liberada entre 6 e 7 horas, logo após que toda ela seja desembarcada e após a desatracação do navio. Em duas horas, toda a Região Metropolitana de Salvador pode receber a carga que chegou de cabotagem. No futuro breve, espero que a cabotagem seja a melhor alternativa para a cadeia de suprimentos de sólidos e perenes”.

Crescimento

Luís Fernando Resano, diretor da Abac, destacou que a cabotagem virou moda e vem crescendo a mais de 12% ao ano. “Este ano houve uma pequena desaceleração por conta da pandemia”. Na sua opinião as empresas que fazem cabotagem precisam estar comprometidas com o país, estar fixada no Brasil, ter investimentos no Brasil. “Elas devem ser comprometidas com os clientes, com o terminal, com o transporte rodoviário, para fazer a cadeia logística. Precisa atender a economia brasileira que não suporta variações por busca de fretes”.

Para Resano, é necessário observar que as empresas querem investir mais, querem ser concorrentes entre nós mesmos, para oferecer o melhor serviço aos usuários e clientes, acrescentando que, nesta perspectiva, a parceria é fundamental para isto acontecer.

BR do Mar

Resano lembrou que o debate sobre o projeto BR do Mar, que tramita na Câmara, começou em fevereiro de 2019, mas, neste tempo, os investimentos estão paralisados. “O BR do Mar e mais as alterações legais foram desenvolvidos para reduzir os custos operacionais. Foi a motivação. Entretanto, o texto apresentado, ao se permitir o fretamento de navios estrangeiros, pode até reduzir os custos operacionais, mas, ao exigir a questão trabalhista, causa um acréscimo ao custo operacional. Então, corre-se um risco enorme deste programa ser um fracasso”.

Para o presidente da Abac, o BR do Mar alterou um item que é fundamental: existência de empresa de navegação sem ter um ativo, sem ter um navio. “Na cabotagem isto não funciona. Se não for corrigido dará chance a especulação de mercado que será extremamente danosa para a confiabilidade”. Reseno falou também sobre os incentivos ao usuário da cabotagem: “Os que existem hoje, que é especificamente a não incidência ao adicional de frete de navegação mercante de cargas com origem ou destino na região Norte/Nordeste, deve ser renovado neste momento para que o usuário tenha estes benefícios também na cabotagem”.

 

 

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