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Transporte Aquaviário

Embarques de soja no Brasil impulsionam graneleiros Panamax

A maior eficiência portuária no Brasil e a demanda sustentada da China também contribuem

24/05/2025 09h45

Foto: Portos do Paraná - Claúdio Neves

Os primeiros quatro meses de 2025 começaram fortes para o segmento Panamax, com cargas de navios bem acima dos padrões históricos. Os últimos números da AXSMarine mostram volumes consistentemente superiores aos dos anos anteriores, especialmente em março. Esse aumento se deve em grande parte ao aumento das exportações agrícolas, especialmente de soja, e aos fluxos de carvão estáveis, embora um pouco reestruturados. Isso ocorreu apesar do fato de que os sinais macroeconômicos gerais permanecem mistos.

A soja lidera o setor

A soja claramente assumiu a liderança no início de 2025. As exportações brasileiras dispararam em fevereiro e março, atingindo máximas históricas e elevando o emprego no Panamax a picos sazonais não vistos nos últimos anos. O programa de exportação do Brasil está operando a plena capacidade. Os embarques de março ultrapassaram 15 milhões de toneladas, e abril não fica muito atrás. Ambos excederam os níveis do ano passado em aproximadamente um milhão de toneladas.

Em 2024, o Brasil foi responsável por 64% das exportações globais de soja, seguido pelos Estados Unidos com 28%. A China continua sendo o principal comprador, responsável por mais de dois terços das importações globais no ano passado. Relatórios recentes sugerem que Pequim suspendeu as suspensões impostas a cinco exportadores brasileiros, embora o prazo exato seja desconhecido. No entanto, o Brasil se consolidou como principal fornecedor da China. Apesar das tensões comerciais, a China está gradualmente diversificando suas fontes de importação, migrando mais para o Brasil e reduzindo sua dependência dos Estados Unidos. Dados dos fluxos comerciais sugerem que essa mudança é oportunista. A China compra de ambas as fontes dependendo das diferenças de preços e da sazonalidade.

O crescimento da soja elevou o segmento Panamax acima da média sazonal de três anos. Assim, os volumes de 2025 são significativamente maiores que os dos anos anteriores. Contudo, essa tendência não se reflete em todas as áreas. As exportações canadenses de grãos, por exemplo, permaneceram estáveis ​​em relação ao ano anterior, sem grandes surpresas.

Melhorias nos prazos de entrega nos portos brasileiros

A recuperação das exportações não se deve apenas ao tamanho da colheita e aos preços competitivos. Os portos brasileiros estão operando com mais eficiência neste ano. Dados de congestionamento da AXSMarine mostram menos embarcações ancoradas e tempos de espera mais curtos nos principais terminais, com médias bem abaixo da média de três anos.

Esse ciclo logístico mais fluido está liberando navios de volta ao mercado à vista justamente quando a demanda se intensifica. Isso ajuda a absorver o aumento repentino de carga sem causar a escassez frequentemente observada durante a alta temporada no Brasil. As travessias de ida e volta do Atlântico aumentaram um pouco, mas não tanto quanto os volumes de carga. Navios que permaneceriam ancorados por dias agora estão virando mais rapidamente. A menos que o clima no fim da temporada ou uma segunda onda de colheita causem interrupções, 2025 promete ser um mercado impulsionado pelo volume, sem os prêmios de congestionamento que impulsionaram os lucros no ano passado.

Pontos de fricção regulatórios e logísticos

A política ambiental e os gargalos logísticos desempenham um papel cada vez mais importante na definição da implantação de navios Panamax. O Canal do Panamá começou a priorizar embarcações mais eficientes e com menor emissão, e mudanças mais amplas são esperadas ainda este ano. Enquanto isso, as secas novamente interromperam importantes vias navegáveis ​​interiores, como os rios Mississippi e Paraná. Essas mudanças estão transferindo cargas para áreas costeiras ou forçando calados mais leves, o que por sua vez distorce os padrões comerciais tradicionais.

Embora esses atritos não sejam novos, eles parecem estar surgindo com maior frequência. As operadoras estão se adaptando, mas essas mudanças têm custos ocultos. Prazos de entrega perdidos, cronogramas atrasados ​​e mudanças nos incentivos de arbitragem estão impactando as estratégias de armadores e fretadores.

A demanda por Panamax teve um início forte em 2025. A soja claramente impulsionou o segmento, enquanto o carvão manteve a base estável, mesmo que sua dinâmica esteja evoluindo. A frota respondeu bem às mudanças nos padrões comerciais e aos obstáculos operacionais. Olhando para o futuro, a incerteza permanece, especialmente em relação à demanda de energia e às mudanças climáticas. Ainda assim, a adaptabilidade do segmento persiste.

Fonte: Mundo Marítimo