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Editorial

Emergência Climática

Alerta dos Cientistas Mundiais sobre a Emergência Climática

20/01/2020 07h00

No mês de novembro, o The Washington Post publicou uma matéria sobre o estudo "Alerta dos Cientistas Mundiais sobre a Emergência Climática”, realizado por 11.258 cientistas das mais variadas disciplinas, em 153 países.

É a primeira vez em que um grande grupo de cientistas apoiou formalmente a classificação como “emergência” da mudança no clima, que o estudo aponta ser causada por muitas tendências humanas que, somadas, elevam as emissões dos gases causadores do efeito estufa e expõe com clareza o grande desafio de reduzi-los.

As conclusões deste estudo, liderado pelos ecologistas Bill Ripple e Christopher Wolf, da Universidade Estadual do Oregon, e por William Moomaw, cientista do clima na Universidade Tufts, bem como por pesquisadores da Austrália e África do Sul, são embasadas por um conjunto de indicadores fáceis de compreender que mostram a influência humana sobre o clima, como 40 anos de dados sobre emissões de gases causadores do efeito estufa, estatísticas de crescimento populacional, produção per capita de carne,  perda mundial de cobertura por árvores, bem como as consequências disso tudo, como as tendências mundiais de temperatura e o teor de calor nos oceanos.

Dentre as medidas sugeridas, o estudo apela, também, pela “implementação de um grande programa de eficiência energética e práticas de conservação”, e pela eliminação do consumo de combustíveis fósseis em favor de fontes renováveis de energia, uma tendência que segundo o relatório não está avançando tão rápido quanto deveria. Além disso, a pesquisa também pede que os recursos restantes de combustível fóssil, como carvão e petróleo, não sejam extraídos ou queimados para gerar energia.

Outros itens na lista de prioridades políticas oferecida pelo estudo incluem um corte rápido nas emissões de poluentes de baixa duração que afetam o clima, como fuligem e metano, o que pode desacelerar o aquecimento em curto prazo. O estudo também sugere a mudança para uma dieta baseada principalmente em vegetais, e pela instituição de práticas agrícolas que elevem a quantidade de carbono absorvido pelo solo.

Quanto à economia, segundo os autores, melhorar a sustentabilidade em longo prazo e reduzir a desigualdade deveriam ser prioridades, em lugar da ampliação da riqueza, tal como medida pelo PIB (Produto Interno Bruto). Os autores também defendem políticas que reduziriam a perda de biodiversidade e a destruição de florestas, e recomendam priorizar a preservação das florestas intactas, que armazenam carbono, em companhia de outras terras capazes de absorvê-lo rapidamente, assim reduzindo o aquecimento global.

Na matéria do The Washington Post, Jesse Bellemare, professor associado de biologia no Smith College e um dos signatários da declaração de emergência, disse que “trata-se de um documento que estabelece um registro claro do amplo consenso que existe entre os cientistas ativos neste momento da história, de que a crise do clima é real e é uma grande ameaça, talvez à própria existência das sociedades humanas, ao bem-estar humano e à biodiversidade”.

Diante das consequências de um planeta que tem mudado rapidamente, cabe a todos nós tomarmos medidas muito mais drásticas de combate à mudança no clima. Parabéns aos cientistas que realizaram este estudo tangível, baseado em provas. Eles mostram, com clareza, o grande desafio de reduzir as emissões dos gases causadores do efeito estufa.