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Entrevista

Empresas precisam pensar como suas ações afetam o meio ambiente

Líder de serviço na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY aborda a importância da adesão das empresas a uma agenda ESG

04/01/2022 17h00

Foto: Divulgação

Dificilmente uma empresa conseguirá crescer se não rever de modo autêntico sua ética de negócios, não redesenhar o modo como se relaciona com o ambiente e com as pessoas e como cuida de sua governança. O tema ESG (ambiental, social e governança) esteve em alta em 2020 e 2021 e vai avançar ainda mais este ano. “O importante é que a agenda seja genuína”, alerta Leonardo Dutra, líder de consultoria na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY para o Brasil.

Em entrevista à Agência EY, Dutra aborda a importância da adesão das empresas a uma agenda ESG, a cobrança do consumidor por empresas que presem a sustentabilidade – o “E” na sigla – e o que é uma agenda positiva.

Cada vez mais empresas brasileiras têm adotado uma agenda ESG. Qual é a importância dessa adesão não apenas para as empresas, mas para o desenvolvimento do próprio país?

Investidores, reguladores e líderes querem medir o ambiente empresarial com outras métricas, mas o quadro está incompleto. Os fatores ESG, desde o manejo agrícola até as condições de trabalho, representam riscos materiais para os negócios. Os ativos alocados às estratégias ESG cresceram rapidamente, o que demanda melhores informações e transparência sobre riscos emergentes. É importante reconhecer que métricas de curto prazo e essencialmente financeiras não são mais suficientes para medir prosperidade. Em um mundo em emergência climática, desigual e sem transparência, o retrocesso será inevitável.

A sustentabilidade ambiental tem sido cada vez mais cobrada pelo consumidor no momento de escolha de uma marca. Empresas que adotam práticas de preservação do meio ambiente têm mais chance de se darem bem no momento de escolha do consumidor?

A pesquisa EY Future Consumer Index revelou, recentemente, que 43% dos consumidores globais querem comprar de empresas que beneficiam a sociedade, mesmo a um custo mais alto. E isso tem uma lógica muito simples: se é minha a decisão de compra, parte da responsabilidade é minha. No momento em que o mercado de consumo ganha consciência e tem acesso às informações da cadeia produtiva de determinado produto, incorpora em seu processo de análise de decisão as questões socioambientais. Estas, por sua vez, estampam o noticiário diariamente, alimentando este mercado destas percepções negativas. Portanto, é razoável, como estratégia de negócio, pensar que responsabilidade socioambiental também é posicionamento de mercado.

O que podemos entender como uma boa agenda de sustentabilidade ambiental? E qual é a importância de as práticas serem adotadas de fato no dia a dia da corporação e não apenas no discurso para o público externo ou mesmo interno?

O importante é que a agenda seja genuína. Há muito greenwashing (maquiagem verde, em tradução livre) no mercado hoje. Então, antes da adoção de qualquer prática, é preciso que as empresas pensem como elas afetam a sociedade e o meio ambiente e como contribuem na geração de valor dentro destes mesmos ativos. Aqui é o início coerente para uma agenda com propósito ESG.

O fato de o Brasil ser cobrado por melhores práticas ambientais, em especial por conta da Amazônia, torna as empresas brasileiras mais visadas no mundo todo em relação à agenda ambiental?

As deficiências brasileiras no campo ambiental são muitas, mas, por outro lado, os desafios são enormes. Quando o tema é Amazônia, temos muito a melhorar, mas é preciso ter clareza do que é uma crítica construtiva e do que é geopolítica. O Brasil é um dos países com as maiores desigualdades sociais – tem mais de 35 milhões de pessoas sem acesso à água potável – e, quando o assunto é desmatamento, o cerrado, outro importante bioma nacional, teve aumento de 25% em 2021. O setor privado no Brasil, em sua maioria, é ambientalmente responsável e comprometido com esta agenda. Mas é fato que, por estarem em ambiente com estes problemas, precisam ser melhor preparados.

Fonte: Agência EY