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Transporte Aquaviário

Encomendas de construção de navios graneleiros caíram 54%

Por outro lado, a China continua a representar a maioria das encomendas

09/12/2025 07h57

Foto: Divulgação

Entre janeiro e novembro de 2025, as encomendas de novos navios graneleiros totalizaram 25 milhões de dwt, uma queda de 54% em relação ao ano anterior, atingindo o nível mais baixo desde 2020, segundo dados da Bimco. Como resultado, a carteira de encomendas do setor encolheu 4% em comparação com o ano anterior e atualmente representa 11% da frota global de graneleiros. De acordo com Filipe Gouveia, chefe de Análise de Transporte Marítimo da Bimco, o baixo número de encomendas pode estar ligado à incerteza em torno das tendências de mercado.

A redução foi ainda mais acentuada em termos de número de navios: apenas 281 embarcações foram encomendadas até agora este ano, 61% a menos do que em 2024 e o número mais baixo desde 2016. Embora todos os segmentos tenham apresentado declínios, o segmento Capesize manteve níveis relativamente mais altos.

A perspectiva para as taxas de frete nos próximos dois anos é mais favorável neste segmento. A demanda por carga deverá crescer a um ritmo moderado, mas as distâncias de transporte marítimo deverão aumentar, impulsionando a demanda por tonelada-milha. Além disso, prevê-se um crescimento limitado da oferta devido às restrições nas entregas e aos prazos de construção mais longos: 77% dos navios Capesize encomendados este ano têm datas de entrega posteriores a 2027.

Em contrapartida, as encomendas de navios Supramax e Panamax diminuíram 76% e 55%, respectivamente, em comparação com o ano anterior. Ambos os segmentos possuem carteiras de encomendas relativamente grandes, com previsão de aumento nas entregas em 2026 e 2027. Esse cenário é agravado por uma perspectiva de demanda menos favorável e pela possibilidade de parte da frota retornar à rota do Mar Vermelho, o que poderia reduzir ainda mais a necessidade de novas embarcações. Esses fatores podem pressionar as taxas de frete para baixo nos próximos dois anos e desestimular novos contratos.

A China representa a maioria das encomendas

Os estaleiros chineses receberam 81% das novas encomendas em termos de capacidade, nove pontos percentuais a mais do que em 2024, em detrimento da participação do Japão. Isso garante que a China mantenha sua posição dominante na construção de navios graneleiros em 2025, apesar do anúncio (posteriormente suspenso) de tarifas portuárias americanas. A movimentação limitada de cargas de e para os Estados Unidos, equivalente a 8% do total global, juntamente com várias isenções planejadas, teria favorecido a continuidade das encomendas para os estaleiros chineses.

Preços, combustíveis alternativos e prazos de entrega

Um fator que sustentou as encomendas de construção foi a queda de 3% no preço de embarcações novas desde o início de 2025, em contraste com o aumento de 4% no valor de embarcações usadas com cinco anos de uso. Atualmente, uma embarcação usada desse tipo está sendo vendida por 93% do preço de uma nova, refletindo a melhora das condições de mercado e o aumento das taxas de frete no segundo semestre do ano. No entanto, os prazos de entrega mais longos limitam o impacto dos preços, já que as embarcações encomendadas hoje podem operar em um ambiente diferente no momento de sua entrada em operação.

Em relação aos combustíveis, este ano a proporção da capacidade contratada destinada ao uso de fontes de energia alternativas diminuiu, embora a capacidade destinada a futuras conversões tenha aumentado. Do total da carteira de encomendas atual, 12% poderão operar com combustíveis alternativos após a entrega: 48% com metanol, 37% com GNL e o restante com amônia.

Fonte: Mundo Marítimo