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Gestão

Escassez de trabalhadores se torna novo desafio global

OCDE defende mobilização de jovens, mulheres e migrantes para manter atividade econômica

10/07/2025 07h54

Foto: Divulgação

A economia global entrou em uma nova fase: a escassez de trabalhadores já supera a falta de empregos como principal desafio, segundo relatório de Perspectivas de Emprego publicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

A organização alerta que o envelhecimento da população está afetando diretamente a força de trabalho nos países membros, reduzindo o potencial de crescimento das economias. “Empregos estão vagos enquanto pessoas perdem trabalho e os salários mal acompanham a inflação”, observa o relatório, descrevendo o momento como “desconcertante”.

Na Zona do Euro, uma em cada seis empresas da indústria e uma em cada quatro no setor de serviços apontaram, em abril, a escassez de mão de obra como obstáculo à produção. Embora esses dados estejam abaixo dos níveis registrados logo após a pandemia, a OCDE vê na persistência desse quadro um sinal claro de transformação estrutural.

Entre as soluções propostas, a entidade destaca a necessidade de mobilizar jovens, mulheres, migrantes e trabalhadores mais velhos, além de acompanhar os impactos da inteligência artificial e adotar políticas que incentivem a natalidade e a imigração.

O relatório também alerta para os impactos no crescimento de longo prazo. Projeções indicam que, sem mudanças, o crescimento do PIB per capita na zona da OCDE pode cair de 1% ao ano na década de 2010 para 0,6% entre 2024 e 2060. Isso representaria uma perda de até 14% no PIB per capita acumulado até 2060.

A população em idade ativa deve encolher 8% na média da OCDE nas próximas décadas, com quedas superiores a 30% em mais de um quarto dos países. Ao mesmo tempo, a taxa de dependência de idosos, que era de 19% em 1980 e 31% em 2023, deve atingir 52% até 2060.

Apesar disso, o mercado de trabalho ainda demonstra resiliência, com níveis recordes de emprego e participação da força de trabalho. Contudo, a OCDE já observa sinais de desaceleração no ritmo de crescimento do emprego e destaca riscos adicionais, como incertezas geopolíticas e políticas tarifárias mais agressivas.

A organização reforça que apenas elevar as taxas de fertilidade não será suficiente para reverter o declínio da produtividade no curto prazo. A recomendação é clara: os formuladores de políticas precisam tratar o envelhecimento como uma “megatendência esquecida” e agir com urgência.