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Logística

Estradas brasileiras: dados do Governo Federal e da CNT divergem

União mostra melhor marca histórica, mas a CNT diz que 77,3% da malha está em patamar regular, ruim ou péssimo

21/11/2024 10h07

Foto: Divulgação

A maior parte das rodovias brasileiras apresentam algum tipo de problema segundo a última pesquisa de rodovias realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). O levantamento avaliou 111.853 quilômetros de vias pavimentadas, o que corresponde a 67.835 quilômetros da malha federal e 44.018 quilômetros de trechos estaduais. Foram analisadas tanto estradas públicas como aquelas sob concessão à iniciativa privada.

A quantidade de rodovias ruins corresponde a 20,8%, péssimas a 5,8%, e regulares a 40,4%, um total de 67%. O estudo define as três classificações como inadequadas, já que indicam a presença de “algum tipo de problema”. Foram avaliados três aspectos: pavimento, sinalização e a geometria da via.

São no total 75.039 quilômetros problemáticos, contra 36.814 classificados como ótimo (7,5%) ou bom (25,5%). A parte bem avaliada corresponde a 33% do total.

A região com maior parte das estradas mal avaliadas no país é o Norte, com 75,2% classificadas como péssimas, ruins ou regulares. Em seguida aparecem o Sul (68,4%), Nordeste (65,7%), Centro-Oeste (61,4%) e, por fim, o Sudeste (60,7%). A pesquisa destaca que os dados do Sul não foram consideravelmente impactados pelas enchentes, já que “a maior parte dos problemas foram restaurados em operações emergenciais realizadas pelo governo”.

Conforme os dados do DNIT, o Distrito Federal e 24 estados registraram melhoria de suas estradas. “Vale destacar que Acre, Amazonas, Amapá, Sergipe, Maranhão e Santa Catarina tiveram uma evolução expressiva, uma vez que esses Estados estavam com índice bom inferior a 40% em dezembro de 2022 e o levantamento atual revela que estão com 64%, 57,1%, 98,4%, 71,3%, 64,1% e 71,5%, respectivamente”, diz o Ministério dos Transportes.

O levantamento conduzido pelo DNIT envolve a filmagem in loco dos segmentos rodoviários com câmeras de alta precisão. Já a análise dos dados tem suporte do software DNIT-ICM que, por meio de Inteligência Artificial (IA), apresenta resultados matemáticos, excluindo interferências pessoais. O Dnit-ICM foi desenvolvido pela equipe do Labtrans da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

As informações da Pesquisa CNT foram obtidas a partir de levantamento de campo realizado por 24 equipes ao longo de 30 dias, entre junho e julho deste ano. A coleta foi realizada de forma 100% digital, com o uso de novas tecnologias e de inteligência artificial.

No quadro do CNT, os índices indicam um patamar similar ao da pesquisa do ano passado, quando regular, ruim e péssimo somaram 62,9%.

Privadas x públicas

Os dados também comparam a avaliação de rodovias privatizadas e públicas no país.

As rodovias públicas são 74,8% da extensão avaliada, e possuem apenas 22,7% classificadas como ótimo (2,7%) ou bom (20,0%), contra um total de 77,3% inadequadas pela classificação de regular (43,7%), ruim (25,9%) ou péssimo (7,7%) em sua extensão.

Já entre as rodovias concedidas à iniciativa privada, que são 25,2% do total analisado, 63,1% foram aprovadas e colocadas como ótimas (21,4%) ou boas (41,7%). As inadequadas somam 36,9% entre regulares (30,8%); ruins (5,7%) ou péssimas (0,4%).

Investimentos em rodovias públicas volta a crescer

A pesquisa destaca que os investimentos públicos para melhorias das rodovias apresentaram queda de 71,3% entre 2011 e 2021, o equivalente a R$ 16,46 bilhões, após um crescimento expressivo entre 2003 e 2011, motivados especialmente pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

De 2022 para 2023, o volume investido voltou a crescer, e passou de R$ 6,97 bilhões para R$ 13,22 bilhões, praticamente o dobro. Os investimentos públicos autorizados para rodovias em 2024 alcançaram R$ 13,98 bilhões, valor próximo ao de 2023 (R$ 14,01 bilhões).

Entre 2016 a 2023, as rodovias sob concessão à iniciativa privada receberam, em média, 2,5 vezes mais investimentos por quilômetro do que as rodovias administradas pelo governo federal. Em 2022, essa

diferença atingiu um pico: os investimentos nas rodovias sob concessão foram 4,2 vezes mais altos que os investimentos públicos. Em 2023, a discrepância cai para 2,5 vezes.