12/09/2025 09h44
Foto: Divulgação
O Brasil pode passar por um apagão logístico nos próximos anos, já que entre 2013 e 2023, houve uma diminuição de cerca de 1,1 milhão de caminhoneiros no Brasil, segundo estudo da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Esse dado preocupa o Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg).
Até na categoria dos cegonheiros, reconhecida no mercado como a elite dos caminhoneiros, o problema já é sentido no dia a dia. De acordo com o proprietário da Transportes Munhoz & Munhoz, Maurício Munhoz, as condições e a violência nas estradas, prazos apertados, horas na direção e dias longe de casa dificultam a contratação de mão de obra qualificada.
“Não é mais uma profissão que passa de geração para geração. A sensação de liberdade e o fascínio que dirigir um caminhão despertava nas crianças já não fazem parte da realidade há muito tempo”, comentou.
Ivan da Silva, sócio do pai, Geraldo Antônio da Silva, na Transmiúdo Transportes, reforçou que os filhos e filhas da segunda geração de cegonheiros da família não querem seguir no volante, como os avós, tios, pais. “Os que continuam no segmento estão na gestão dos negócios. E isso vale para qualquer jovem atualmente. É muito raro encontrar um caminhoneiro com menos de 30 anos.”
Formação de novos cegonheiros
Maurício Munhoz ainda lembra que pela especificidade da carga dos caminhões cegonheiros — que transportam carros —, não basta ser habilitado para dirigir caminhão, é preciso uma formação diferenciada.
“Por causa das dimensões da carreta, é preciso conhecer muito bem as rotas, inclusive no perímetro urbano, para não ficar preso embaixo de um viaduto, por exemplo; embarcar e desembarcar os veículos com total segurança; e apresentar-se uniformizado e de forma adequada ao chegar à concessionária”, explicou.
Dessa forma, investir na formação de novos cegonheiros pode ser uma alternativa para a recuperação do setor. O diretor regional do Sinaceg, Márcio Galdino, destacou que muitos jovens também não têm acesso a treinamentos ou condições financeiras para obter a habilitação necessária. “No sindicato, temos estudado maneiras de viabilizar a formação, por meio de parcerias com transportadoras, autoescolas, centros de treinamento”, comentou.
Modernização da frota
Outro ponto que pode despertar o interesse dos mais jovens para a profissão é a modernização da frota. “Caminhões equipados com tecnologia, maior conforto e segurança deixam a jornada menos desgastante, além de tornar a operação mais eficiente e econômica”, pontuou o presidente do Sinaceg, José Ronaldo Marques da Silva.
Por isso, o sindicato, em parceria com a Conexão Eventos, está promovendo a 25ª Expo de Transportes do ABCD. O evento presentará ao público o que há de mais moderno em caminhões, implementos, acessórios, produtos e serviços para o segmento de transporte de veículos zero-quilômetro.
A Feira do Cegonheiro, como também é conhecida, acontece entre os dias 25 e 27 de setembro, no Pavilhão Vera Cruz de São Bernardo do Campo (SP).