21/06/2020 16h18
Foto: Divulgação
A crise econômica já travou ao menos R$ 500 milhões em investimentos programados por empresas, entidades e governo para feiras e eventos de promoção internacional, de acordo com a Orbiz, consultoria especializada no setor.
O levantamento foi feito com base em investimentos feitos pelas empresas em anos anteriores, incluindo os R$ 220 milhões aplicados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
“Boa parte das grandes feiras de negócios e eventos que teriam a participação de empresas brasileiras de diferentes setores foi cancelada ou adiada. As missões ao exterior das empresas exportadoras também foram suspensas”, diz Marcelo Vitali, sócio da Orbiz.
Um levantamento do site Expocheck, que mapeia feiras e eventos de negócios nos cinco continentes, mostra que já foram cancelados ou adiados para o próximo semestre 2.970 eventos desse tipo pelo mundo.
Contato digital
Enquanto o contato social trouxer risco de contaminação pelo Covid-19, as empresas interessadas em encontrar clientes no exterior começam a recorrer a plataformas digitais que as conectam com potenciais compradores.
A própria Orbiz está oferecendo uma ferramenta digital que permite essa conexão. Já fechou uma parceria com a Ifema, de Madri, uma das cinco entidades mais importantes da Europa que organizam exposições e feiras.
A Ifema tem uma lista de grandes cadeias de supermercados e distribuidores da Espanha, Portugal e Marrocos. A Orbiz entra com seu portfólio de empresas interessadas em vender para esses países.
“Pela plataforma será possível conhecer os produtos, fechar vendas. Será uma experiência muito positiva”, diz Francisco Orjales De La Vega, representante da Ifema no Brasil.
A Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (ABBA) vai participar da rodada de negócios virtuais com a Ifema. Já identificou 700 potenciais compradores para suas associadas. A expectativa é que entre 50 e 60 empresas consigam ampliar suas vendas.
“Neste momento, essas ferramentas digitais são o caminho mais viável para encontrar novos compradores”, diz Maurício Manfre, coordenador de Marketing da ABBA.
As negociações digitais também acontecem na área de calçados. O setor já demitiu 35 mil pessoas, e a expectativa é que a produção vá encolher 30% este ano.
“Cerca de 40 feiras do setor foram adiadas ou canceladas no Brasil. A prospecção de novos clientes ficou complicada”, diz Letícia Sperb, coordenadora de promoção comercial da Abicalçados, entidade que representa os produtores.
Na semana passada, a entidade lançou uma nova ferramenta para colocar em contato fabricantes e lojistas no Brasil. Mais de 150 empresas se cadastraram imediatamente, e o número de acessos de potenciais compradores chegou a 1,5 mil em cinco dias.
Salão de Genebra
A Petite Jolie produz calçados em fábricas no Rio Grande do Sul e no Ceará, e tem representantes de vendas em todo o país. Assim como todos os fabricantes do setor, teve a produção e as vendas afetadas pela pandemia.
“Estamos buscando estratégias digitais para atrair novos clientes que não conhecem a marca no país”, diz Mayara Vargas, gerente de marketing da Petite Jolie.
Estratégias digitais vão se consolidar no segmento de eventos, dizem especialistas.
O Salão de Genebra fez em março uma edição digital. A Bienal Internacional do Rio terá atividades permanentes na internet, como o Café Literário.
“As feiras voltarão a acontecer, mas com visitas agendadas e controladas nos estandes enquanto não tivermos uma vacina contra a Covid-19. Mas elas serão complementadas com as vendas e eventos online”, diz Orjales, da Ifema.
Ele defende que as agências promotoras devem começar a pensar em rodadas de negócios virtuais.
A Apex, que hoje é dirigida pelo contra-almirante da Marinha brasileira, Sergio Ricardo Segovia Barbosa, abrirá sua primeira rodada virtual amanhã, voltada para pequenas empresas interessadas em exportar bebidas e alimentos.
Fonte: O Globo