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Logística

Gargalo logístico impede a saída de 800 mil sacas de café do ES

Como alternativa ao Porto de Vitória, sacas seguem de caminhão para Rio de Janeiro, de onde vão embarcar para destinos finais pelo mundo.

15/07/2024 09h44

Maior produtor e exportador de café conilon do país, o que é produzido nas lavouras do Espírito Santo representa 85% das exportações nacionais. Só no primeiro trimestre de 2024, o estado já exportou um 1,7 milhão de sacas. Mas, segundo especialistas, produtores e empresários, um gargalo logístico impede que os números avancem mesmo em um ano em que os preços do grão batem recorde.

De acordo com o Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), na safra 2023/2024, 800 mil sacas de conilon deixaram de ser escoadas pelos terminais capixabas e precisaram ir de caminhão para o Rio de Janeiro.

Lavoura vira vitrine, mas porto segura as vendas

A colheita do conilon na lavoura do produtor rural Douglas Peruchi, em Linhares, no Norte do Espírito Santo, deve durar até o fim de julho.

O café produzido é vendido para uma empresa que exporta os grãos. Nas últimas semanas, compradores do Japão visitaram a propriedade, o que reforça o interesse internacional pelo produto agrícola número um do estado.

A gerente de exportação e sustentabilidade, Renata Vaz, representa uma cooperativa no Norte do estado que produz e comercializa café. No ano passado, ela exportou 152 mil sacas para o Egito, Estados Unidos, além de países da América Latina e Europa. A previsão para este ano é enviar cerca de 200 mil sacas, mas o planejamento pode ser comprometido por causa de problemas logísticos.

"A gente acaba centralizando as exportações no rodoviário até o Porto de Vitória, e de lá é feito o transbordo até o porto do Rio de Janeiro ou de Santos, em São Paulo, porque nós não temos aqui navios de longo curso", disse.

Já o diretor-administrativo e sócio de exportadora Josemar Moro, trabalha com exportação de café há mais de 40 anos. Os grãos comprados pela equipe dele são vendidos para os Estados Unidos e Europa. Ele afirma que o Porto de Vitória não suporta o volume de exportação do estado e isso cria gargalos no modelo de negócio.

A exportadora de Josemar está com contratos de entrega atrasados, a cada 100 mil sacas que deveriam ter sido enviadas para fora do Brasil, 30 mil não foram embarcadas por falta de contêiner. Um dos galpões ilustra o quanto os problemas logísticos afetam o escoamento.

Atualmente, 99% do café exportado das empresas capixabas passam por São Paulo ou Rio de Janeiro e de lá seguem para o destino final. O vice-presidente do CCCV, Jorge Nicchio, é um dos representantes dos exportadores do grão no estado. Segundo ele, os problemas logísticos se agravaram após a pandemia, com a retomada das atividades, houve congestionamento de linhas marítimas.

Outra preocupação do setor tem a ver com a safra do conilon. A estimativa é de que sejam produzidas 50 milhões de sacas em 2024, o recorde na produção também deve puxar o recorde na exportação. Mais produto, pode gerar mais atrasos e prejuízos para os empresários locais.

Grãos levados para o Rio de Janeiro de navio

O atraso no embarque, implica no atraso do faturamento.

Como alternativa, a gerente de exportação e sustentabilidade explicou que a cooperativa de café vai usar rotas viárias para mandar o café diretamente ao Porto do Rio de Janeiro. O custo com o frete deve aumentar cerca de 50 por cento, mas o movimento deve garantir fluidez ao negócio.

A expectativa é a de que um novo porto comece a operar na região Norte do Espírito Santo entre 2025 e 2026, para desafogar o tráfego e continuar impulsionando a economia.

"A gente tá na esperança que venham novas estruturas portuárias para a região, pra poder desafogar essa situação", apontou Josemar.

Pensamento este reforçado pelo vice-presidente do CCCV.

Comitê para mapear as dificuldades

A Vports (empresa que administra o Porto de Vitória) informou que foi montado um comitê, denominado Comex-ES, reunindo todos os principais atores do setor portuário capixaba, com objetivo de mapear dificuldades, propor soluções e cobrar ações concretas e sistêmicas de todos os envolvidos, unindo forças e definindo responsabilidades em prol do fortalecimento do segmento e do desenvolvimento econômico do estado.

De sua parte, a empresa vem trabalhando ativamente ao longo desses primeiros 20 meses de concessão privada para implantar melhorias à infraestrutura portuária, de maneira a possibilitar que os usuários do porto tornem suas operações cada vez mais eficientes.

Disse ainda que está investindo R$ 150 milhões em obras de infraestrutura, que incluem recuperação de silos, reformas em berços, revitalização da estrutura ferroviária, entre outros projetos.