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Artigo

Grandes tendências de mobilidade são aplicáveis no Brasil?

Pedro Somma

29/07/2022 06h03

Foto: Ilustrativa

Quando falamos sobre grandes tendências de mobilidade, é comum nos referirmos a cidades como Paris, Amsterdam ou Nova Iorque, o que não raramente levanta uma dúvida: tais casos internacionais, geralmente situados em países ditos desenvolvidos, são aplicáveis à realidade brasileira? Embora sejam realidades distintas, grande parte das dores vividas pelas pessoas na mobilidade é igual em qualquer lugar do planeta.

São Paulo é uma metrópole enorme, com um ecossistema de mobilidade imenso e complexo. Para movimentar sua população de mais de 11 milhões de pessoas, diariamente, saem das garagens 14 mil ônibus, além de diversos metrôs, trens e automóveis. Em toda essa complexidade, é quase impossível esperar que tudo saia como planejado pela gestão pública. Daí a necessidade de manter o usuário atualizado do que ocorre em sua rota, dor de onde nasceu a Quicko, em 2018. No entanto, é possível imaginar que londrinos, por exemplo, também tenham que lidar com esse desafio. Não à toa, após a abertura dos dados de mobilidade pela TFL (Transport for London), foram desenvolvidas mais de 400 aplicações para apoiar a população da cidade.

O conceito de Mobility as a Service (MaaS), por sua vez, nasceu em Helsinki, capital e maior cidade da Finlândia, com 1.5 milhões de moradores na sua região metropolitana – com menos pessoas que na zona leste da cidade de São Paulo. Mesmo em um ambiente bem menos populoso do que o visto por aqui, o aplicativo Whim foi pioneiro mundialmente em vender planos mensais de mobilidade, com diversos meios de transporte incluídos. Por lá, já é possível adquirir créditos para transporte público, bicicletas compartilhadas e táxi em um só pacote. O aplicativo também é usado como chave para validar o pagamento, eliminando a necessidade de um cartão físico. 

Há muitas dores compartilhadas entre brasileiros, finlandeses, ingleses e outros tantos quando se fala em mobilidade, tornando a busca por novas tecnologias, soluções e aprendizados algo internacional. Por isso, ficamos muito orgulhosos ao anunciar há alguns meses que MaaS Global, empresa que desenvolveu e lançou o aplicativo Whim, e a Quicko seriam uma só, trabalhando conjuntamente para melhorar a mobilidade ao redor do mundo.

Desde então, tivemos oportunidades importantes de troca e aprendizados sobre soluções aplicadas em São Paulo e Salvador, algumas das cidades onde a Quicko opera, e também aquelas que têm tornado mais conveniente a vida dos cidadãos de Helsinki, da Antuérpia e da Suíça. Fundado em 2015, a plataforma da Whim tem o conhecimento acumulado e tecnologia desenvolvida que, adaptados à realidade brasileira,  certamente poderão tornar a vida de milhões de pessoas melhor.

O exemplo mais óbvio dessas oportunidades é poder oferecer a opção de assinaturas de mobilidade por aqui também. Bem estruturado, tal produto pode tornar o custo mensal de deslocamento mais acessível aos brasileiros, já que permite o uso eficiente da malha de mobilidade das cidades. Além disso, a validação diretamente pelo app representa uma revolução para o usuário que não precisaria mais do cartão, e para o próprio operador de bilhetagem, que terá um custo relevante reduzido.

No entanto, para que isso seja possível, a busca por transformações não pode ser apenas do lado das startups, as experiências internacionais devem inspirar também o setor público e operadores pelo mundo. Ecossistemas de mobilidade abertos, com priorização de transportes de baixa emissão de CO2 e foco na experiência das pessoas são responsabilidade de todos que em tal sistema estão.

No mês de junho, o Connected Smart Cities, juntamente com o Estadão Mobilidade, nos trouxe uma oportunidade única para nos inspirarmos sobre o tema: o Parque da Mobilidade Urbana, que aconteceu no Memorial da América Latina, com painéis e debates ricos sobre as tendências e experiências de mobilidade. Sampo Hietanen, CEO da MaaS Global e inventor do conceito de Mobility as a Service, esteve no evento como keynote speaker, assim como Eleonora Pazos, Head of Latin America da UITP (União Internacional de Transporte Público). Sem dúvida, foi uma oportunidade única para todos nós nos inspirarmos um pouco mais com experiências globais. Assim, seguimos transformando nossos cenários locais.

Pedro Somma é CSO da MaaS Global 

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