20/07/2025 11h10
Foto: Divulgação
O início do segundo semestre, tradicionalmente voltado ao planejamento comercial no varejo, traz um novo aliado estratégico para o setor: a inteligência artificial. Startups especializadas em soluções preditivas vêm ocupando espaço decisivo nas cadeias de suprimento, precificação e ações de marketing, ao empregar algoritmos capazes de antecipar comportamentos de compra com base em dados históricos e padrões de consumo.
A tecnologia, antes restrita a grandes redes, agora se dissemina em pequenas e médias empresas graças à atuação de startups com soluções acessíveis e escaláveis. Segundo Marilucia Silva Pertile, cofundadora da Start Growth e mentora de startups, a adoção de analytics preditivo pode reduzir até 30% de perdas por excesso de estoque e aumentar em até 25% a efetividade das campanhas promocionais. “Com a inteligência preditiva, o varejista para de reagir ao mercado e começa a antecipar movimentos com base em dados reais”, afirma Marilucia.
A tendência é validada pelo relatório global da CB Insights, que coloca a previsão de demanda baseada em IA entre as cinco prioridades tecnológicas para o varejo em 2025. O documento aponta que empresas que utilizam essas soluções apresentam crescimento médio 40% superior em relação àquelas que operam com modelos tradicionais de reposição e precificação.
Segundo Marilucia o desafio não é mais o acesso à tecnologia, mas sim a capacidade de tratá-la como parte estrutural da operação. “Muitas empresas ainda veem o dado como um subproduto, quando na verdade ele é o motor das decisões. A informação virou o novo petróleo, mas só extrai valor quem sabe refinar”, explica.
A Start Growth, venture capital especializada em negócios de tecnologia, também tem apostado em startups com soluções voltadas ao uso intensivo de dados e inteligência artificial. O foco está em modelos SaaS que utilizam automação, integração de sistemas e IA aplicada à operação de negócios, sempre com apoio direto para escalar vendas e consolidar modelos operacionais.
Muitas startups brasileiras ainda enfrentam dificuldade para ganhar tração comercial. “O maior gargalo está na distribuição. Há empresas com produtos muito avançados que não conseguem comunicar seu valor ao mercado”, destaca. Esse cenário reforça a importância de investimentos que ofereçam não apenas capital, mas também conhecimento de mercado, acesso a redes estratégicas e suporte operacional.
A digitalização do varejo é inevitável, e a previsão de demanda ganha protagonismo como eixo central na nova lógica de gestão. O uso de IA permite que o varejista deixe de operar no “modo reação” e passe a planejar com base em probabilidades, otimizando desde a cadeia logística até a experiência do consumidor. Para Marilucia, o movimento já está em curso, mas exige que as lideranças estejam abertas à transformação. “Não se trata de substituir a intuição, mas de munir a tomada de decisão com inteligência”, conclui.