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Transporte Aéreo

IATA aponta obstáculos para a aviação na América Latina

Margens de lucro estreitas, alta carga tributária e estruturas regulatórias irregulares estão entre os desafios, destaca Peter Cerdá

27/06/2025 11h06

Foto: Divulgação

A indústria da aviação na América Latina enfrenta uma série de desafios que incluem margens de lucro estreitas, alta carga tributária e estruturas regulatórias irregulares, conforme destacou Peter Cerdá, vice-presidente regional da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), durante a abertura do fórum Wings of Change Americas, que ocorre nesta sexta-feira (27) e sábado (28) em Bogotá, Colômbia.

Cerdá ressaltou que “os voos aumentaram em 32,8% na última década, impulsionados por uma maior competitividade e coerência,” o que resultou na expansão do mercado e na sustentação de empregos e atividades.

Ele enfatizou que a aviação “apoia mais de 8,3 milhões de empregos e contribui com cerca de 240 bilhões de dólares para o PIB nacional,” um número que poderia crescer se as restrições fossem reduzidas.

No contexto regional, especificamente no Brasil, Cerdá mencionou que “no primeiro semestre deste ano houve um aumento de 17,7% nos voos internacionais em comparação com o mesmo período de 2014.”

No entanto, ele apontou que o maior desafio está na carga tributária do país. A reforma tributária atual mantém taxas que restringem rotas. “O impacto da reforma foi um aumento de 26,5% nos preços das passagens aéreas, o que terá um efeito devastador no Brasil,” acrescentou, alertando que a proposta em discussão “pode resultar em uma redução de até 30% na demanda de passageiros no país.”

Cerdá também destacou que o Caribe apresenta a maior carga tributária, com impostos que podem representar até 40% do custo total de um voo.

Ele citou o exemplo da Espanha, onde os impostos tornaram os bilhetes domésticos mais caros, passando de $130 para $160, e os internacionais de $340 para $435. Essa situação é preocupante, especialmente considerando que, globalmente, a carga tributária sobre as passagens aéreas é de 27%, enquanto na América Latina pode chegar a 40%.

Outro desafio mencionado por Cerdá é a variabilidade regulatória entre os países, que muitas vezes dificulta os processos da indústria. “Com mais de 33 países em nossa região, cada um tem suas próprias regras, o que gera ineficiências e limita a produtividade regional.”

Ele destacou que, enquanto algumas jurisdições liberalizam, outras debatem medidas como overbooking de passagens ou limites de tarifas, como ocorre na Colômbia, onde há mais de cem projetos legislativos em discussão.

A estabilidade macroeconômica também foi apontada como um fator que pesa no planejamento a longo prazo. “O que representa uma perda para a região é uma oportunidade para setores do Canadá e da Europa, que podem explorar o fluxo de passageiros em direção aos Estados Unidos, lançando novas rotas para o Caribe, México e América do Sul,” afirmou Cerdá.

O último desafio mencionado pelo líder sindical foi a infraestrutura. Ele enfatizou que a região precisa de “uma visão a médio e longo prazo” que inclua os principais aeroportos e terminais de cidades secundárias. Cerdá lembrou que, em um estudo realizado pela IATA e divulgado em 2023, foram sugeridas medidas para otimizar a capacidade e reduzir atrasos, mas “apenas algumas dessas recomendações foram compreendidas.”

Sobre sustentabilidade, Cerdá reiterou o compromisso das companhias aéreas com a meta de emissões líquidas zero até 2050. No entanto, ele ressaltou que a oferta de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF) “representa apenas uma fração das necessidades de combustível da administração” e que Brasil, México, Colômbia e Argentina carecem de estruturas que incentivem sua produção. “Precisamos liderar isso e colaborar com os governos,” concluiu.